Na próxima quinta-feira (19), em frente ao Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo, será realizado um ato pedindo a cassação do vereador Camilo Cristófaro (sem partido) por conta da fala racista que proferiu durante sessão da Câmara paulistana.
“Não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”, foi a frase que vazou durante sua participação remota na CPI dos Aplicativos.
Cristófaro se desfiliou do PSB logo após a repercussão do episódio, mas segue com seu mandato de vereador. Esse é o motivo para a realização do protesto, que é organizado pelos grupos Pagode Consciente, Sindicato dos Músicos de São Paulo (Sindmussp) e Instituto Braços Dados.
Leia na íntegra o comunicado enviado pelos organizadores:
Em uma cidade em que aproximadamente 37% da população se autodeclara negra, em que apenas 2% dos negros formalmente empregados ganham mais de dez salários mínimos, em que bairros com maioria esmagadora de pretos registram cinco vezes mais mortes por Covid-19, em que a letalidade policial contribui enormemente para que a cada quatro horas um preto seja morto no estado de São Paulo, fica evidente que a ausência de políticas públicas garantidoras de direitos, em quaisquer esferas de governo, reflete no extermínio sistemático de vidas negras e de oportunidades.
Empenhar-se para planejar, criar e aprovar projetos de lei que contemplem a rica diversidade do povo paulistano e o desenvolvimento do município, deveria ser o propósito fundamental para o vereador Camilo Cristófaro.
Mas ao invés disso, e ao arrepio da Constituição Federal, da Lei Orgânica do Município de São Paulo e do Regimento Interno da Câmara Municipal de São Paulo, o parlamentar prefere se utilizar do mandato legislativo para expressar fala racista em CPI dos Aplicativos: “é coisa de preto”, ele disse, recolocando o padrão supremacista no qual corpos negros são meros alvos preferenciais de uma mentalidade colonialista que rejeita a superação simbólica da velha ordem escravista para fazer valer suas crendices em certos determinismos de “raça”.
Quer coisa mais obsoleta? Isso “é coisa de racista”, isso sim! E em nada coaduna com o decoro e a decência de um legítimo representante do povo, na Casa do Povo, em pleno século XXI.
Dia 19 de maio iremos para as ruas, formaremos fileiras em frente ao Palácio Anchieta e daremos a nossa resposta a essa ofensa criminosa à comunidade negra, mostraremos ao parlamentar o que “é coisa de preto”, do samba à capoeira, do rap ao funk, da poesia à palavra cantada, da umbanda ao candomblé, nossa histórica luta política e social, nossa força e resistência! Seremos todos e todas malungos! Junte-se, esta luta é de todas as cores e de toda a cultura!
Estamos cansados de pedidos de desculpas vazios!
Neste primeiro ato, exigiremos da Câmara Municipal de São Paulo a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro por racismo.
E num segundo ato, fortaleceremos para que o vereador Camilo Cristófaro saiba que também “é coisa de preto” a Lei 7.716/1989, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de “raça” e de cor, de iniciativa de Carlos Alberto Caó de Oliveira, preto e constituinte.
REALIZAÇÃO/ORGANIZAÇÃO:
Pagoge Consciente
Sindicato dos Músicos de São Paulo (Sindmussp)
Instituto Braços Dados