Colapso das correntes do Atlântico está mais próximo; entenda as consequências

Atualizado em 23 de julho de 2024 às 21:57
Reprodução/Nasa

Um colapso das correntes oceânicas do Atlântico, com potencial para provocar uma intensa onda de frio em grandes partes da Europa, parece mais provável e iminente do que antes. Uma nova simulação computacional aponta para um ponto de inflexão “abrupto” que se aproxima no futuro.

Este cenário, desencadeado pelo derretimento da camada de gelo da Groenlândia devido ao aquecimento global, está a algumas décadas de ocorrer. Anteriormente, acreditava-se que este fenômeno levaria séculos para se manifestar. Um estudo recente publicado na revista Science Advances e divulgado pelo Estadão revela essa nova previsão.

Rene van Westen, cientista climático e oceanógrafo da Universidade de Utrecht, na Holanda, e autor principal do estudo, declarou: “Estamos nos aproximando (do colapso), mas não temos certeza de quão mais perto.” A pesquisa é pioneira ao usar simulações complexas que incluem múltiplos fatores para medir a força da circulação oceânica, que está em desaceleração.

Impactos Climáticos

O colapso da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) poderia transformar o clima global. Esta corrente é uma das principais forças reguladoras do clima e do oceano. Sua interrupção reduziria as temperaturas no noroeste da Europa entre 5ºC e 15ºC ao longo das próximas décadas, além de estender o gelo do Ártico para o sul.

Essa mudança também aumentaria o calor no Hemisfério Sul, alteraria padrões de chuva globais e perturbarias regiões como a Amazônia. Outros cientistas alertam sobre o potencial de escassez de alimentos e água em todo o mundo.

Funcionamento da AMOC

A AMOC faz parte de um complexo sistema global de correntes oceânicas que regulam a temperatura da Terra, absorvem dióxido de carbono e impulsionam o ciclo da água. O motor deste sistema está na costa da Groenlândia, onde o derretimento do gelo está adicionando mais água doce ao Atlântico Norte, desacelerando o sistema.

Pesquisadores têm utilizado sensores robóticos flutuantes para monitorar o oceano em tempo real. Essas observações mostraram um ponto de resfriamento ao sul da Groenlândia, indicando que a AMOC está desacelerando. Estudos combinando observações diretas e simulações computacionais concluíram que a AMOC já enfraqueceu cerca de 15% desde a década de 1950.

No novo estudo, os pesquisadores descobriram que a quantidade de água doce no Atlântico meridional é um bom indicador da força da AMOC. Dados reais mostraram que esta métrica está negativa, sugerindo um enfraquecimento contínuo. Simulações indicam que um colapso abrupto pode ocorrer após 1.750 anos de mudanças climáticas induzidas pelo homem.

Perspectivas e Incertezas

Van Westen sugere que um colapso pode estar a um século de distância, mas não descarta a possibilidade de estar vivo para vê-lo acontecer. Ele destacou que a taxa de mudança climática é um fator crítico. O IPCC tem confiança média de que não haverá um colapso antes de 2100, mas não há consenso científico.

Stefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Clima, considera a pesquisa um grande avanço na ciência da estabilidade das correntes oceânicas do Atlântico. Tim Lenton, da Universidade de Exeter, alerta para os efeitos severos e abruptos, enquanto Joel Hirschi, do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, acredita que o aquecimento global imediato é uma preocupação mais urgente.

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