Uma pesquisa recente encomendada pelo governo federal alemão, estados e municípios revelou que museus e coleções universitárias na Alemanha abrigam aproximadamente 17 mil restos mortais de povos originários estrangeiros, resultado do impacto do colonialismo.
O estudo envolveu 33 instituições que mantêm coleções relevantes de restos humanos, incluindo arquivos antropológicos, anatômicos, médico-históricos, etnológicos e paleontológicos, principalmente datados a partir de 1750.
De acordo com a pesquisa, quase metade dos restos humanos (46%) não possui origem geográfica definida. Dentre os restantes, a maioria (71%) tem sua origem na África e na Oceania. No entanto, as coleções englobam materiais de todos os continentes, sugerindo que o número real pode ser ainda maior do que o identificado no estudo.
Conduzido pelo Escritório Alemão para Bens Culturais de Contextos Coloniais, criado em 2019 para abordar e cooperar com países estrangeiros sobre esse tema, o levantamento destaca a necessidade de novas pesquisas e a devolução desses itens. Além disso, o escritório recebeu a responsabilidade de elaborar diretrizes sobre como lidar com os restos humanos do período colonial.
Falko Mohrs, presidente da Conferência de Ministros da Cultura (KMK), destaca a oportunidade de melhorar a abordagem em relação aos restos humanos de contextos coloniais na Alemanha. Ele enfatiza a importância da transparência e da organização de devoluções, demonstrando sensibilidade nesse processo.
A ministra da Cultura, Claudia Roth, argumenta que ossadas humanas de contextos coloniais não devem permanecer em museus e coleções na Alemanha. Ela defende a necessidade de encontrar uma abordagem adequada para lidar com esses itens e desenvolver medidas para repatriá-los aos países de origem como parte do processo de enfrentamento da história colonial alemã.
Katja Keul, secretária do Ministério do Exterior, destaca o interesse internacional no tema e a importância da pesquisa para construir relações de confiança. Ela enfatiza a promessa de confrontar o passado colonial e devolver as ossadas humanas como um gesto concreto para fortalecer a confiança da comunidade internacional.
*Com informações do DW