O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta desafios no Legislativo para evitar a repetição de um problema que prejudicou os planos do governo no primeiro ano de seu terceiro mandato: a derrubada de vetos pelo Congresso.
Com a iminência do retorno das atividades legislativas após o recesso, parlamentares já discutem possíveis derrotas em temas cruciais que podem impactar o controle do Executivo sobre o Orçamento, a gestão de recursos em programas estratégicos do governo e a regulamentação de agrotóxicos, questão que gera divisões internas e conflitos com a bancada ruralista.
No primeiro ano de seu terceiro mandato, Lula teve 53% de seus 30 vetos analisados rejeitados total ou parcialmente pelo Congresso. Esse índice supera o registrado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu primeiro ano, quando 33% de seus 45 vetos foram parcial ou totalmente rejeitados. O retorno dos parlamentares está agendado para 5 de fevereiro.
Dentre os vetos em discussão, destaca-se o dispositivo que torna obrigatório o empenho das emendas parlamentares até 30 de junho, medida rejeitada por Lula sob a justificativa de que poderia “aumentar a rigidez na gestão orçamentária e financeira”.
Parlamentares, incluindo membros da oposição, Centrão e até governistas, argumentam que essa medida proporcionaria mais previsibilidade para os investimentos municipais, beneficiando prefeituras aliadas antes das campanhas eleitorais.
Outro ponto de atrito é a lista de projetos protegidos de contingenciamentos obrigatórios, vetada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ministérios da Fazenda e do Planejamento sustentam que essa lista prejudicaria a gestão orçamentária e a busca pelo equilíbrio fiscal. Destaca-se o seguro rural, fortalecendo a pressão da bancada ruralista pela derrubada do veto.
Além disso, a resistência no Congresso se estende ao veto à reserva mínima de 30% de recursos para programas de moradia, como o “Minha Casa, Minha Vida”, em cidades com até 50 mil habitantes. Essa medida desperta interesse, especialmente em ano eleitoral, já que mais de 80% das cidades do país estão nessa faixa populacional.