A eleição de Jair Bolsonaro deve muito à cegueira cúmplice e deliberada dos evangélicos.
O slogan de lojas da banha “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” é o xarope que acompanha um desastre anunciado.
Agora se sabe, mais do que nunca, que quem está acima de tudo, principalmente da carne seca, é a família Bolsonaro.
As lideranças religiosas decoram os versículos mais obscurantistas da Bíblia, mas não dão a mínima para mandamentos como “não roubarás” e “não darás falso testemunho”.
O neopentecostalismo celebra a riqueza e os Bolsonaros são um símbolo da prosperidade. Como ele chegou lá é um detalhe. Está lá no livro de Edir Macedo que seu messias estava para chegar.
A mitologia da humildade e as palavras de Jesus Cristo sobre a pobreza não fazem parte da liturgia desse pessoal.
Vivem citando o versículo “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” enquanto espalham fake news como o demônio.
Onyx Lorenzoni, investigado no STF por suspeita de caixa 2 (não o que ele já admitiu ter recebido), fala que “já se resolveu com Deus” e bola pra frente.
Ganhamos a pastora Damares, futura ministra, ex-assessora de Magno Malta, uma das figuras mais bizarras desde Heliogábalo, o imperador romano que adorava o Sol, para o qual fazia orgias com anões, cavalos e virgens.
Jesus se manifestou diversas vezes contra o amor ao dinheiro e contra a ganância. Não lhe faltaria, portanto, assunto.
O estado laico é afrontado numa boa em nome de uma versão pagã, fundamentalista cretina do cristianismo.
Dane-se o Brasil. Dane-se, ao fim e ao cabo, o Senhor que eles não se cansam de invocar.
Muito mais importante do que os malfeitos de um dos nossos é combater os gayzistas, os abortistas, os comunistas, os satanistas, os vermelhos, os ateus, os índios.
Bolsonaro deveria ser um embaraço para os cristãos, já que monta na fé para enganar os trouxas.
Ao invés disso, é celebrado, não importa o que faça.
Não custa lembrar: Jesus nunca entrou numa igreja.