Enquanto os conflitos entre Israel e a Faixa de Gaza persistem, os brasileiros que se encontram na região enfrentam uma séria preocupação com o estoque de alimentos. Com previsões de que os bombardeios israelenses se intensificariam após uma possível invasão por terra, esses cidadãos tentaram se programar, mas só conseguiram comida suficiente para os próximos cinco dias.
Segundo relatos, os brasileiros residentes na Faixa de Gaza conseguiram reforçar seus suprimentos por meio de compras em mercados locais nas cidades de Rafah e Khan Yunes, situadas ao sul do território. Até o momento, essas regiões não foram afetadas diretamente pelos ataques.
Apesar do estoque de comida, a maior apreensão entre os brasileiros é a escassez de água potável. A água salgada está sendo utilizada para higiene pessoal, e a disponibilidade de água mineral doce para o consumo é limitada. O Brasil enviou purificadores de água, no entanto, Israel barrou a entrada de mantimentos enviados pela ajuda internacional.
A aquisição dos mantimentos foi viabilizada por meio de recursos enviados pelo escritório do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia. Contudo, os contínuos bombardeios e a interrupção das comunicações na região estão dificultando a operação de ressuprimento.
Além da falta de alimentos, a comunicação na Faixa de Gaza também foi abruptamente cortada por Israel, gerando preocupações entre diplomatas estrangeiros sobre a possibilidade de uma ofensiva militar ainda mais severa na região.
Entidades humanitárias também relataram a perda de contato com suas equipes em campo, possivelmente devido a ataques contra infraestruturas de comunicação. A situação levou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a lançar um apelo urgente à comunidade internacional, ressaltando a crise humanitária iminente e suas consequências devastadoras para os mais de 2 milhões de civis em Gaza.
“O sistema humanitário em Gaza está enfrentando um colapso total com consequências inimagináveis para mais de 2 milhões de civis. À medida que os bombardeios se intensificam, as necessidades se tornam cada vez mais críticas e colossais”, declarou Guterres.
Na sexta-feira (27), a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução de caráter recomendatório visando estabelecer uma trégua humanitária imediata em Gaza. O texto, aprovado por 120 votos favoráveis, 14 contrários e 45 abstenções, é uma tentativa diplomática de pôr fim ao conflito que assola a região desde o seu início.
No entanto, o governo de Israel afirmou que não acatará a resolução. Em uma publicação no X (antigo Twitter), o ministro da Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, disse que o país não irá promover um cessar-fogo e classificou a resolução da ONU como “desprezível”.
“Rejeitamos abertamente o apelo desprezível da Assembleia Geral da ONU a um cessar-fogo. Israel pretende eliminar o Hamas tal como o mundo lidou com os nazistas e o Isis [Estado Islâmico]”, declarou.