As ações da Taurus dispararam na manhã desta terça-feira, depois que se tornou púbico que o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de maio sobre o porte de armas tem um alcance muito maior do que o divulgado inicialmente.
A Taurus, fabricante do fuzil T4, já tem uma lista de duas mil pessoas que encomendaram o armamento, que até então era considerado restrito para uso das forças armadas e das polícias militares.
Por volta das 10h30 de hoje, as ações subiam10,54%. No Twitter, a Taurus se tornou um dos assuntos mais populares, com 50 mil menções.
Embora o Palácio do Planalto tenha negado que o decreto permita a compra dessas armas por qualquer pessoa, o mercado não acreditou. E nem deveria.
Quando já estava em campanha para presidente, em 2017, Bolsonaro compareceu a uma feira de armas, fez propaganda desse mesmo fuzil e prometeu liberaria sua compra.
Em vídeo que circula pela internet, o então deputado segura um arma e diz, se dirigindo à câmera:
“A Taurus tá lançando aqui um fuzil…”.
O representante da empresa completa:”…o nosso T4”.
E Bolsonaro, sorridente, reforça: ”…o nosso T4”.
O agora presidente pega da mesa uma pistola e afirma:
“É o que eu sempre digo, se eu chegar lá, você, cidadão de bem, no primeiro momento, vai ter isso em casa. E você, produtor rural, no que depender de mim, vai ter isso aqui também (ergue o fuzil)… cartão de visita pra invasor tem que ser cartucho 762”.
No arremate, informa:”Porque mais importante que a tua vida é a sua liberdade. Povo armado jamais será escravizado. Parabéns à Taurus”.
Bolsonaro poderia dizer também “muito obrigado, Taurus”.
Em novembro de 2017, quando ele já viajava pelo Brasil em pré-campanha, o repórter Eduardo Reina fez um levantamento sobre quem estava bancando esses deslocamentos.
A reportagem, publicada no DCM, informou que, de 33 viagens do pré-candidato, dezesseis tinham sido patrocinadas por empresas ligadas a fabricantes de armas.
Uma das empresas que bancou as viagens do parlamentar foi a Taurus.
Ao permitir a compra de fuzis por qualquer pessoa, Bolsonaro também dá a milicianos a oportunidade de contar com armamento pesado de maneira legal.
Armas ilegais, as milícias já têm. O homem apontado como assassino de Marielle Franco, Ronnie Lessa, que é vizinho de Jair Bolsonaro e miliciano, tinha na casa de um comparsa 117 partes de um fuzis M-116, fabricados nos Estados Unidos para uso das forças armadas.
Com o decreto de Bolsonaro sobre porte de armas, dois setores ligados a ele são beneficiados: a indústria das armas, especialmente a Taurus, e também a indústria da morte, representada pelas milícias.
Bolsonaro ainda vai incendiar o Brasil.
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Leia também: O poder e a indústria da morte: as ações da Taurus disparam no primeiro dia do governo Bolsonaro.
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Veja o vídeo em que Bolsonaro promete liberar fuzis e faz propaganda da Taurus: