Com Doria no 1º turno, Alckmin atropela Serra e Aécio para 2018. Por José Cássio

Atualizado em 2 de outubro de 2016 às 8:01
Atletas de joquempô se encontram no mundial da categoria
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A eleição ainda nem começou, Ibope e Datafolha batem cabeça em relação ao humor dos eleitores, mas o que temos até aqui já nos permite algumas interpretações.

Com a ascensão de João Doria neste primeiro turno, o PSDB não só tem nas mãos a possibilidade de voltar à prefeitura de São Paulo. O partido também está próximo de consolidar a aposta de Geraldo Alckmin rumo à presidência em 2018.

Ao atropelar velhos cardeais como Serra, FHC, Goldman e cia e reafirmar sua liderança na capital, o governador, caso a vitória de Doria se concretize no segundo turno, se cacifa para tirar da frente Aécio Neves e conquistar a vaga do PSDB daqui a dois anos.

No caminho de Doria neste segundo turno estão Celso Russomanno (PRB), Marta (PMDB) e Fernando Haddad (PT).

Russomanno, que se escondeu o tempo todo e deu um tiro no pé ao falar que vai regularizar o Uber, está em queda nas pesquisas e corre o risco de repetir o fiasco de 2012.

Marta igualmente chega em frangalhos à reta final. 

Além de lidar com os próprios erros (passou boa parte da propaganda na TV pedindo desculpas pela derrama de taxas que promoveu na sua gestão na prefeitura), teve de lidar com problemas em casa (o filho Supla chamou a mãe de golpista) e no âmbito partidário (enquanto vendia o céu para os pobres nas franjas da cidade, o neo aliado Michel Temer acenava com o inferno do fim da carteira assinada, das férias e do décimo terceiro salário, e ainda a aposentadoria só quando o infeliz fosse dessa para a melhor).

Não por acaso o povo não perdoou. Afinal, na sua essência ele pode ser tudo: ignorante, machista, violento, feio, fedido, preguiçoso, reacionário, progressista, dócil além da conta, mas burro não é.

Fernando Haddad, ao contrário dos adversários, finalmente começa a catalisar apoios para alguns acertos da sua gestão, como a redução da velocidade dos automóveis, o estímulo às ciclovias e corredores de ônibus, obras pontuais em regiões mais necessitadas, entrega de novos hospitais, passe livre para estudantes e, especialmente, sensibilidade no trato da ética e no diálogo com a população.

O resutado é que o candidato que parecia carta fora do baralho chega com chances concretas de ir para o segundo turno com Doria.

Um indício dessa realidade não está só nas pesquisas de opinião, mas na boca de um dos radares eleitorais mais afiados da zona Leste, a região mais populosa e portanto aquela que pode fazer a diferença nas urnas.

Padre Ticão, da paróquia São Francisco, em Ermelino Matarazzo, o religioso mais influente da zL, conta que se surpreendeu com um fenômeno curioso nos últimos dois dias: uma migração em massa dos apoios de Marta para Haddad.

Ticão não é bruxo, tampouco milagreiro, mas conhece o riscado.

Quando ele diz, o mais sensato é acreditar.

Por essa lógica, quem passa a ser carta fora do baralho não é mais Haddad, e sim Marta.

Resta saber quanto de fôlego ainda tem Russomanno.