Jessica Chastain teve que esperar para estourar como uma das atrizes mais importantes de Hollywood.
“Queria ser atriz desde quando era pequena. Trabalhei por muitos anos fazendo testes e lutando, sempre às margens. É um sentimento mágico poder estar aqui neste momento.” Com essas palavras Jessica Chastain recebeu o prêmio de melhor atriz no Globo de Ouro desse ano, por sua performance em A Hora Mais Escura.
Realmente, Chastain teve que esperar para estourar como uma das atrizes mais importantes de Hollywood. Aos 35 anos (idade de certa forma avançada para ser considerada uma revelação, o que ela não deixa de ser) Chastain é um caso raro nesta indústria: ficou muitos anos participando de pilotos de séries fracassados e pequenas pontas em seriados mais conhecidos, como ER, por exemplo.
Graças a uma atuação sua no pequeno (mas bem recebido) longa indie chamado Jolene, a atriz despertou o interesse de produtores e cineastas do calibre de Terrence Mallick, com quem trabalhou em A Árvore da Vida – para muitos, o filme que a catapultou. E, coincidentemente, muitos dos filmes que ela fez, por um motivo ou por outro, acabaram sendo lançados no mesmo ano, em 2011. Parecia um plano arquitetado por Chastain, um pacotão para apresentar seu talento ao mundo – como se ela fosse o segredo mais bem guardado de Hollywood.
Desde o trabalho em Árvore da Vida, Jessica trabalhou com cineastas talentosos como Jeff Nichols e John Hillcoat, nos indies O Abrigo e Os Infratores, voltou a trabalhar com Terrence Mallick e teve um papel de destaque em Histórias Cruzadas – filme que foi muito lembrado na temporada de premiações de 2012 e que rendeu à atriz sua primeira indicação ao Oscar.
E então veio A Hora Mais Escura – o novo e aguardadíssimo filme de Kathryn Bigelow, primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, que mostra os bastidores da caça a Bin Laden. Chastain interpreta Maya, uma agente da CIA que lidera a busca pelo terrorista. Um papel curioso, muitas vezes interpretado por personagens masculinos, o que atiçou a curiosidade da diretora e deixou a atriz orgulhosa.
“É muito raro interpretar uma personagem definida pelo seu trabalho e não por sua contrapartida masculina. Acho que Maya representa uma geração de mulheres independentes e fortes, e não o produto de algo externo”, disse Chastain à BBC. Sua personagem, portanto, é muito parecida com a própria diretora que a escolheu, supomos.
“Não posso deixar de comparar minha personagem a Kathryn Bigelow: duas mulheres poderosas e destemidas que colocam seu trabalho em primeiro lugar. Você, Kathryn, me disse que fazer filmes, na sua opinião, não se trata de quebrar regras de gênero, mas quando você faz um filme que permite o personagem a desobedecer as convenções de Hollywood, você fez mais por mulheres no cinema do que percebe”, disse a atriz ao receber seu Globo de Ouro.
A Hora Mais Escura causou polêmica e para muitos foi considerado esnobado ao não ser indicado para Melhor Direção no Oscar 2013 – muito por conta das cenas de tortura, que foram consideradas como apologéticas por alguns, apesar de Bigelow responder dizendo que mostrar algo em um filme não significa endossar. Mas Chastain ainda assim foi lembrada para o prêmio de Melhor Atriz – e é considerada favorita.
Mas pode-se dizer que a criatividade ainda é a força motriz de Chastain, que não se rendeu ao sucesso. Chegou a recusar papéis em blockbusters como Homem de Ferro 3 e Oblivion (algo que evidencia seu aumento de popularidade entre os produtores americanos) e topou participar de um filme dirigido por 12 estudantes da Universidade de Nova York, que conta a história do poeta C.K. Williams através de seus poemas.
Outra produção indie que Chastain estrelará é o interessante longa The Disappearence of Eleanor Rigby, que será dividido entre duas partes, uma contando o desaparecimento da protagonista sob o ponto de vista do personagem de Jessica e outro pela perspectiva do papel vivido por James McAvoy.
Jessica Chastain pode até não receber o prêmio de Melhor Atriz no próximo Oscar – tem a sombra de Jennifer Lawrence, de O Lado Bom da Vida, e principalmente de Emmanuele Riva, atriz que estrela Amor e estará completando 86 anos exatamente no dia da premiação. Mas é inegável que Chastain já conseguiu se estabelecer como uma das principais atrizes de Hollywood.