Uma aliança inédita de milícias com o Comando Vermelho pode estar por trás do assassinato dos três médicos no Rio de Janeiro nesta quinta (5). Existe uma briga interna de milicianos pelo controle do maior grupo paramilitar do estado e parte deles se uniu à facção criminosa. A informação é do UOL.
A ruptura entre os grupos começou após a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, que foi cercado por mais de cem homens com fuzis em sua área de atuação na zona oeste carioca. Os autores do atentado, segundo a Polícia Civil, eram milicianos ligados a Danilo Dias Lima, o Tandera, responsável pela expansão da organização criminosa para a Baixada Fluminense.
Os autores do ataque contra os médicos são milicianos aliados ao Comando Vermelho que se uniram à facção criminosa no início deste ano. Eles foram mortos por membros da própria organização por terem cometido o crime de forma equivocada, confundindo o ortopedista Perseu Almeida com um miliciano rival, Taillon Barbosa.
O miliciano Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk, foi encontrado morto nesta sexta (6) em área que é um reduto tradicional de seu grupo, na Gardênia Azul. A região teve mais de 50 assassinatos causados pela disputa interna do grupo.
Ligado ao grupo de Lesk, Luís Paulo Aragão Furtado, conhecido como Vin Diesel, foi morto em setembro pelo grupo rival. Seu assassinato ocorreu por supostamente ter auxiliado a entrada do Comando Vermelho na Gardênia Azul e os milicianos aliados estariam tentando revidar, matando um suspeito de envolvimento no atentado contra ele.
A associação entre os paramilitares e a facção criminosa envolve tráfico de drogas e permissão para explorar o território com práticas já ligadas à milícia, como venda de gás, água, transporte irregular e cobrança de taxa de moradores e comerciantes.
A Polícia Civil aponta que a aproximação entre o tráfico de drogas e as milícias, a “narcomilícia”, se intensificou nos últimos anos, mas que até então a principal ligação era entre paramilitares e o Terceiro Comando Puro, rival do Comando Vermelho.
“A maior milícia do Rio, que era forte, hoje está fragmentada. O Comando Vermelho sempre teve um distanciamento em relação aos grupos paramilitares, mas isso mudou. O que vemos é um avanço do tráfico em regiões que eram dominadas por milicianos e um pacto de paz entre essas duas organizações”, afirma o delegado André Neves, do (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas).