Maioria culpa Bolsonaro pelo aumento dos combustíveis, diz pesquisa. Por Miguel do Rosário

Atualizado em 22 de outubro de 2021 às 10:32
Veja Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro.
Foto: Evaristo Sá/AFP

Publicado originalmente no Cafezinho:

Por Miguel do Rosário

O governo Bolsonaro está nas cordas.

Pesquisa Exame/Ideia divulgada há pouco é uma verdadeira bomba para o governo.

As avaliações negativas voltaram a subir, e as positivas, a cair.

A maioria dos entrevistados agora culpa o governo federal, ou seja, Jair Bolsonaro, pelo aumento no preço dos combustíveis, o que mostra o enfraquecimento da narrativa bolsonarista de que a culpa seria dos governadores.

Se o preços dos combustíveis é visto como principal problema para 63% dos entrevistados de classe média, a inflação de alimentos é o que tem preocupado as famílias de baixa renda.

Ou seja, após uma gestão profundamente mal avaliada da pandemia, as angústias dos eleitores se voltam para a economia, com ênfase na inflação, e a tentativa de Bolsonaro de jogar a culpar nos outros não está colando.

Em números exatos, o percentual de entrevistados que considera o governo ruim ou péssimo subiu para 53%, ao passo que aqueles que o qualificam como ótimo e bom desceu para 23,4%.

O desempenho pessoal do presidente, por sua vez, é desaprovado por 54%, contra 23% que o apoiam.

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Piso de Bolsonaro ainda é difícil de romper

Tanto a aprovação pessoal do presidente, como a nota ótimo/bom, são muito números muito próximos das intenções de voto de Bolsonaro. Conclui-se daí que, se essa pesquisa trouxesse também as intenções de voto, é provável que mostrasse queda de Bolsonaro.

Entretanto, o que se tem visto é uma oscilação entre 20% e 25% dessa aprovação, a depender do momento da pesquisa. Esse tem sido uma espécie de “piso” de Bolsonaro ainda difícil de romper.

Por outro lado, até o momento a questão econômica, embora dramática, ainda não era vista como o principal problema, porque todas as atenções estavam voltadas para a saúde, em virtude da pandemia que aterrorizou o mundo e fez a colheira macabra de mais de 600 mil vidas no Brasil.

Com a vacinação avançando rapidamente, e o número de infectados e mortes caindo, todo o foco passa a ser a economia. As famílias emergiram muito endividadas da pandemia, milhares de negócios tiveram prejuízos enormes ou fecharam as portas, e esperava-se que o governo tomasse a iniciativa de lançar um ambicioso programa de recuperação econômica.

O que se tem visto, todavia, é exatamente o contrário. Bolsonaro se preocupa apenas com sua reeleição, e tenta apagar focos de incêndios em sua popularidade através de ofertas assistencialistas e populistas. Claro que é preciso oferecer auxílio emergencial aos brasileiros, mas o correto seria que programas desse tipo viessem acompanhado de  políticas públicas para segurança alimentar, emprego, educação, e readequação dos negócios ao “novo normal”.

Para piorar, nesta quinta-feira assistimos a uma debandada da equipe econômica de Paulo Guedes, em virtude de insatisfação com o rumo populista e irresponsável, do ponto-de-vista fiscal (deles), seguido pelo governo.

O Auxílio Emergencial de R$ 400, a “bolsa diesel”, também de R$ 400, prometidos por Bolsonaro, serão rapidamente neutralizados pela inflação, a menos que o governo eleve radicalmente esse valor, furando ainda mais o teto de gastos.