Publicado originalmente no jornal GGN
POR GUSTAVO CONDE
É comovente ver o Grupo Globo se lançando à mais uma tentativa de salvar Sergio Moro do esquecimento e da repulsa popular e coletiva.
Lamento dizer: será difícil, viu. O juizeco virou um farrapo humano. Só a lembrança da Lava Jato já faz o brasileiro levar a mão no bolso para pegar o lenço (porque não tem dinheiro). Nem o mercado financeiro quer ouvir falar desse passado justiceiro que empesteou o país de ódio e catástrofe econômica.
Mas, faço um alerta importante: se for para impedir o Lula, elite vai de Moro. Lula é o maior cabo eleitoral para ambos os lados, para a esquerda e para a direita.
Vamos assistir a essa operação Salva-Moro calados?
Enfim, que venham. Se a esquerda brasileira ficar comemorando a vitória do Joe Biden e criticando a Kamala Harris, Moro tem grandes chances.
Agora, cá entre nós: é tão engraçado ver a dedicação maternal da Globo em salvar Sergio Moro. Acho que eles até cumprem essa tarefa porque sabem que a militância digital progressista está perdida, lutando entre si, cheia de traumas e preconceitos. Devem pensar assim: “vamos que eles deixam”.
Ainda contam com uma força imensa das mídias progressistas, que replicam suas matérias de graça.
E, aí, temos de admitir, a contragosto: Bolsonaro tem se saído o melhor estrategista de comunicação política do país. Ele fez Moro desaparecer do mapa, coisa que a esquerda tentou anos a fio e não conseguiu. Fica uma lição amarga.
Explica-se: com essa elite que temos, com esse tipo de jornalismo que temos, com os segmentos progressistas se engalfinhando internamente, fica fácil ser gênio do mal.
É só jogar parado, como Jairzinho.
O país é um furdunço e vai se reorganizando muito lentamente, no ritmo do tempo histórico que é contado por décadas, não por anos.
Com a derrota de Trump, os balões de ensaio voltaram à toda. É Huck pra lá, Ciro pra cá… E Moro no banco de reservas. Se bobear, até a Marina Silva aparece (e seria bom que ela aparecesse, pelo menos para falar da devastação do Pantanal e da Amazônia).
Nessa dança dos candidatos de proveta, resta, de fato, observar com atenção a tentativa de ressuscitar o ex-juiz de Curitiba. Porque se essa tentativa fracassar – e ela tem tudo para fracassar – o prestígio residual da Rede Globo vai junto.
Não seria pouco para um país cansado de sofrer com esse oligopólio de mídia monstruoso e decadente.