Como a Justiça Eleitoral pode aprovar as contas de tantos corruptos? Por Leo Mendes

Atualizado em 11 de dezembro de 2016 às 7:49
Escumalha
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“A Justiça Eleitoral aprovou as contas da campanha” is the new black.

É isso o que diz a defesa de todos os políticos delatados pelas empresas que garantem tê-los comprado na feira-livre de Brasília.

Se nas superquadras houvesse esquinas, talvez os encontrasse nelas também, de terno e gravata, rodando suas maletas ao cair da noite, a procura de uma empreiteira.

Gente do naipe de Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Geddel Vieira Lima, Romero Jucá, Moreira Franco, e tantos outros homens brancos e velhos, da confiança de Michel Temer.

Todos tiveram as contas de campanha aprovadas pela Justiça Eleitoral, em décadas de serviços prestados na política.

Mas, se para espanto geral, forem mesmo culpados de receber dinheiro de propina e caixa dois em suas campanhas, não seria hora de investigar também a Justiça Eleitoral? Ou investigar membros do poder judiciário é pecado?

Um ou outro meritíssimo até chega a ser acusado de vender sentenças ou desviar dinheiro público, mas não me vem à cabeça nenhum condenado à cadeia por escândalos de corrupção nas egrégias cortes eleitorais.

Talvez porque seus salários e auxílios já sejam um assalto aos cofres públicos, realizado na mais absoluta legalidade acima do teto constitucional, como os R$77.000 que o juiz de primeira instância Sérgio Moro recebe em alguns meses de maior fartura.

Mas seria então incompetência aprovar tantas contas de honoráveis bandidos, corruptos internacionalmente famosos, ou seria cumplicidade?

Na lógica clássica há o princípio do terceiro excluído, que diz que uma proposição é necessariamente verdadeira ou falsa, não há outra possibilidade.