Como Elon Musk destruiu o Twitter

Atualizado em 29 de agosto de 2024 às 20:05
O bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter). Foto: David Swanson/Reuters

O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou no último dia 18 o bloqueio de contas da empresa Starlink, de propriedade de Elon Musk, para quitar multas impostas ao X (antigo Twitter) por descumprimento de ordens judiciais.

Elon Musk destruiu o Twitter. Ele comprou a rede social em 27 de outubro de 2022, e desde então o negócio passou por uma transformação completa e desastrosa. Desde o nome, que agora é apenas X, até o número de funcionários, tudo mudou na empresa, que, na opinião de analistas, está enfrentando dificuldades um ano e dez meses após a aquisição.

Segundo o The Guardian, que cita declarações da nova diretora executiva do X, Linda Yaccarino, feitas em uma conferência em setembro, o número de usuários diários caiu drasticamente. O número de visitas também despencou.

Além de perder usuários e visitas, a marca também sofreu com a queda na receita publicitária. Bruce Daisley, ex-diretor de operações europeias do Twitter, acredita que a mudança de nome prejudicou a empresa, que antes era considerada um “paraíso das marcas”.

“Havia muitos problemas com o produto, mas a marca estava no topo das empresas do mundo. Nomes tão diversos como Barack Obama, Kim Kardashian, The Rock e Greta Thunberg usavam a plataforma e ajudavam a promovê-la. Musk destruiu tudo isso”, afirmou Daisley.

Diante dessa “destruição”, a queda na publicidade, que era a principal fonte de receita, tornou-se evidente, e o próprio Musk admitiu isso. Em setembro, ele revelou que as receitas publicitárias nos EUA caíram 60%, atribuindo essa situação à pressão da Liga Anti-Difamação, que faz campanha contra o antissemitismo e o fanatismo.

De acordo com o The Guardian, o X enfrenta pagamentos trimestrais de dívidas de 300 milhões de dólares e sofreu uma grave queda de receita, o que o obriga a buscar formas de cobrir as despesas. Musk tentou reduzir os custos demitindo cerca de 50% dos 7.500 funcionários da plataforma, alegando, segundo um ex-funcionário, que a equipe era “tendenciosa”.

A rede social X. Foto: Reproução

Evan Hansen, diretor de curadoria da plataforma que foi demitido por Musk, afirmou que todo o trabalho realizado pela equipe do antigo Twitter “desapareceu”.

“Ele acreditava que nossa equipe era tendenciosa… que toda a equipe de moderação promovia ativamente conversas liberais e era parcial com as conservadoras”, disse Hansen, acrescentando: “Nosso trabalho desapareceu completamente.”

Outra prova de que o trabalho desapareceu é que, desde que assumiu o Twitter, Elon Musk tem incentivado os usuários a pagar por um serviço verificado, agora chamado X Premium. Os assinantes têm acesso a mais recursos, como publicações mais longas, mensagens e maior visibilidade na plataforma.

No entanto, ainda é possível usar o X gratuitamente, mas isso pode estar com os dias contados, pois em uma conversa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Musk explicou que criar um sistema de pagamento é a única forma de combater os bots (contas automatizadas que imitam perfis humanos). Sua proposta é “cobrar um pequeno valor mensal pelo uso da plataforma.”

Certo é que o empresário tem buscado formas de aumentar a receita da plataforma, devido à consequente fuga de muitos anunciantes, e além das demissões em massa, eliminou as equipes de monitoramento da desinformação, o que resultou em um aumento das notícias falsas e das mensagens de ódio na rede.