Como foi a reunião em que X demitiu equipe inteira no Brasil

Atualizado em 3 de setembro de 2024 às 14:26
Escritório que era usado pelo X, antigo Twitter, no Brasil. Foto: reprodução

O fechamento repentino do escritório brasileiro do X, antigo Twitter, empresa de Elon Musk, pegou de surpresa a equipe local e gerou frustração entre os funcionários. “Foi totalmente inesperado. Por mais que eu soubesse do aumento das tensões do X no Brasil, os resultados da equipe estavam ótimos, e não achei que isso ia acontecer”, relatou um dos ex-funcionários, que preferiu não se identificar ao G1.

A decisão foi comunicada há cerca de 15 dias, durante uma reunião on-line com Linda Yaccarino, CEO da big tech, e outros profissionais.

No dia 15 de agosto, uma quinta-feira, a equipe de cerca de 35 pessoas foi convocada para uma reunião virtual com Yaccarino. Segundo o ex-funcionário, durante o encontro foram mencionadas “preocupações com o cenário da operação brasileira do X”, mas em nenhum momento houve menção ao fechamento do escritório.

Apenas dois dias depois, em uma reunião atípica de sábado, às 10h da manhã, os funcionários foram informados sobre o encerramento das atividades no país e, consequentemente, a perda de seus empregos. “Eu estranhei, porque esse tipo de compromisso no final de semana não era comum no X. Mas, como era com a CEO, imaginei que seria algo importante”, contou o profissional.

A reunião, que durou cerca de 15 minutos, foi breve e direta. Segundo o ex-funcionário, a executiva-chefe atribuiu o fechamento da empresa a “complexidades legais” e informou que o RH entraria em contato para os próximos passos. “Menos de uma hora depois, meus acessos ao sistema da empresa já tinham sido bloqueados”, disse ele, destacando a frustração, principalmente porque o trabalho da equipe estava indo muito bem e havia planos futuros.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter). Foto: Reprodução

Após o anúncio, o RH, terceirizado por uma empresa no Brasil, entrou em contato com os ex-funcionários por e-mail. Nos dias seguintes, foram pagas as verbas rescisórias, com exceção da multa do FGTS.

No entanto, na última sexta-feira (30), os ex-funcionários foram informados de que, devido ao bloqueio das contas da Starlink, empresa de Elon Musk em operação no Brasil, não havia previsão para o depósito desses valores. O bloqueio dos recursos foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir o pagamento das multas aplicadas pela Justiça contra o X.

“Nesse sentido, estamos apreensivos. Queremos seguir em frente, mas temos que ter os nossos direitos respeitados”, afirmou o ex-funcionário, que ressaltou que a equipe do X Brasil era formada por profissionais experientes e unidos, que seguem em contato.

O X encerrou suas operações no Brasil em 17 de agosto, após o ministro do STF Alexandre de Moraes ameaçar prender a então representante legal da empresa no país. Pouco mais de uma semana depois, em 28 de agosto, o magistrado intimou Musk a nomear um novo representante legal no Brasil em 24 horas, o que não aconteceu. Assim, no dia seguinte, o Ministro determinou o bloqueio das contas da Starlink.

Mesmo sem representante legal no Brasil, o X continuou funcionando até que, no último sábado (31), a rede social foi suspensa por ordem de Moraes. Nesta segunda-feira (2), a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, manter a decisão que suspendeu a rede no Brasil, mantendo o X fora do ar no país.

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