O Rio Grande do Sul não é a única região que enfrenta as consequências de fortes chuvas devastadoras. Vários países têm sofrido com enchentes que deixam rastros de destruição e mortes. Embora tenham diminuído em 2023, as inundações ainda são os desastres naturais mais frequentes mundialmente. De acordo com o último relatório do Emergency Events Database, que monitora eventos desse tipo, 164 das 399 calamidades ambientais registradas no último ano foram assim.
Uma das maiores tragédias recentes ocorreu na Líbia, em setembro passado, quando chuvas intensas causaram a morte de 11 mil pessoas e o desaparecimento de cerca de 10 mil. Na cidade de Derna, no leste do país, a força das águas rompeu duas barragens e destruiu bairros inteiros, exemplificando a magnitude do desastre.
Na África, a Somália também enfrentou graves enchentes em 2023, resultando na morte de 101 pessoas e deixando mais de 1 milhão de desabrigados entre novembro e dezembro. Além disso, outros países como Índia, Bangladesh, Alemanha, China, Japão, Congo, Estados Unidos e Grécia registraram inundações severas, prejudicando infraestruturas locais e causando mais de 600 mortes, conforme levantamento do Metrópoles.
Em 2024, as enchentes continuaram a afetar diversas regiões globais. No Quênia, fortes chuvas desde março resultaram em 267 mortes e deslocaram mais de 56 mil famílias, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). As chuvas danificaram quase 2 mil escolas, 62 unidades de saúde e mais de 1,4 mil fontes de água.
Além do Quênia, outras áreas da África Oriental, incluindo Somália, Burundi e Tanzânia, foram duramente atingidas por enchentes entre abril e maio, afetando cerca de 848 mil pessoas no continente. No Afeganistão, enchentes também causaram mais de 200 mortes e feriram outras 200, impactando 18 distritos de províncias no nordeste do país.
Especialistas consultados pelo jornal Metrópoles afirmam que não há solução simples para enfrentar grandes desastres como as enchentes no Rio Grande do Sul e em outros lugares.
Fernando Mainardi Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ressalta que grandes obras de engenharia são caras e não garantem proteção total.
“Precisamos entender que os eventos extremos podem acontecer e que estamos todos suscetíveis a eles”, afirma. “Nós, como pessoas, temos de aprender a lidar com essas situações na hora que eles acontecerem. Todo mundo tem que ser, em algum momento, treinado e educado sobre desastres e como agir caso eles aconteçam”.
Mainardi enfatiza a necessidade de mais dados hidrológicos para melhores previsões. Ele explica que muitas áreas do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul, carecem de medidores automáticos de nível e vazão dos rios e de chuva. Além disso, educar a população sobre como lidar com eventos extremos é crucial para minimizar os danos causados por desastres naturais como as enchentes.