Como o avanço da extrema-direita europeia explica a dissolução do Parlamento na França

Atualizado em 9 de junho de 2024 às 22:25
Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita francês Rassemblement National. Foto: Chesnot/Getty Images Europe

Desde o dia 6 de junho, 357 milhões de eleitores, em 27 países, estão elegendo os representantes ao Parlamento Europeu. Os resultados preliminares apontam um enorme avanço da extrema-direita nos países que representam as principais economias da União Europeia, como Alemanha, Espanha, Itália e França. Na contramão da tendência extremista, apenas os países nórdicos aumentaram o número de representantes de esquerda.

O bloco foi criado em 1958 como uma resposta aos governos fascistas das décadas anteriores. Portanto, essa está sendo a primeira vez que os eurodeputados de extrema-direita podem formar maioria Parlamento.

Na França,  por exemplo, o partido de Marine Le Pen, líder dos conservadores, está na liderança segundo pesquisas de boca de urna, com cerca de 33% dos votos, bem à frente dos 15% do partido presidente da França, Emmanuel Macron, e 14% do Partido Socialista. Em uma estratégia para tentar combater o extremismo, Macron optou por dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.

Apesar de ser a maior força política na Câmara, o Renaissance, partido de Macron, precisou de apoio de outros partidos de centro para manter o controle do governo. Com essa coalizão, Macron conseguiu eleger Elisabeth Borne e Gabriel Attal como primeiros-ministros na atual legislatura.

Em discurso, Macron destacou que a extrema-direita representa uma ameaça para a França e para a Europa, enfatizando que o resultado das eleições para o Parlamento Europeu não reflete a atual composição parlamentar. Ele defendeu que o povo deve decidir qual governo deseja ter.

Contrariando alegações de golpe, Macron reconheceu a vitória significativa do partido de Le Pen, e os eleitos tomarão posse no Parlamento Europeu. A França, sendo uma República semipresidencialista, permite ao presidente dissolver o Parlamento em momentos de instabilidade política, semelhante ao que ocorre em monarquias parlamentaristas.

Sem maioria, Macron decidiu enfrentar a extrema-direita diretamente. Esse movimento arriscado pode resultar na perda de aliados importantes, como o primeiro-ministro, e abrir caminho para a extrema-direita. No entanto, o partido de Macron está disposto a não apresentar candidatos em algumas regiões e formar alianças com outros partidos para evitar que a extrema-direita conquiste a maioria.

No discurso, o presidente da França também afirmou que não tem pretensões pessoais para as próximas eleições, pois seu enfrentamento à extrema-direita seria proteger seu país. “Minha única ambição é ser útil ao nosso país tanto quanto amo, minha única vocação é servi-lo”, argumentou antes de convocar a população para votar nos dias 30 de junho, em primeiro turno, e 7 de julho, no segundo.

Em rápida resposta dos seguidores de Macron, milhares de franceses se reuniram na Place de la République, em Paris, para protestar contra a ascensão da extrema-direita nas eleições europeias e para exigir a união da esquerda.

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