Nesta quinta-feira (29), começaram os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. O Brasil quer quebrar o recorde histórico obtido em Tóquio 2020, com 22 ouros e 72 medalhas no total, e entrar de vez para o top 5 no quadro de medalhas da competição na capital francesa.
O Brasil ficou a apenas três medalhas de ouro de estar entre os cinco melhores na última edição dos Jogos Paralímpicos. Com a exclusão absurda do Comitê Olímpico Russo dos Jogos de Paris por conta do conflito com a vizinha Ucrânia, são grandes as chances do Brasil conseguir esse feito – Rússia e Ucrânia ficaram à frente do Brasil em Tóquio.
Uma projeção feita pelo Comitê Paralímpico Brasileiro estima a conquista de 27 ouros e um total de 85 pódios. Confirmada a meta, o Brasil seria o quarto melhor nas Paralimpíadas, atrás apenas de China, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Mas como o Brasil virou uma potência paralímpica?
Primeiro, há uma defasagem menor em relação às Olimpíadas tradicionais. Nas Olimpíadas, o Brasil começou a participar de forma consistente 50 anos após os jogos de Atenas 1896. Já na Paralimpíada, surgida em 1960, o Brasil estreou em 1972 e começou a ter bons resultados nos Jogos de Arnheim 1980. Ou seja, um déficit de apenas 20 anos.
Em segundo lugar, por mais irônico que isso seja, a falta de apoio às pessoas com deficiência foi um estímulo para o potencial do Brasil. O Brasil é um país hostil aos PCDs, com poucas oportunidades de ascensão para esse segmento social. O esporte passa, então, a ser uma maneira de obter reconhecimento e sucesso dentro da sociedade.
Já o terceiro fator é o investimento feito no esporte paralímpico. A Lei Piva, principal regulação do esporte olímpico do Brasil, também é a principal fonte de renda do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Desde 2003 uma parte do dinheiro das Loterias Federais chega à entidade.
Assim, não é coincidência que, já no ano seguinte (Atenas 2004), o país entrou no top 15 do quadro de medalhas e, desde Pequim 2008, com a quantia de investimento já consolidada, a delegação não saiu mais do top 10.
No ano de 2015, foi criado o Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, que é o maior legado esportivo da Rio 2016. São 95 mil metros quadrados com instalações para mais de uma dezena de modalidades. Antes da pandemia, mais de 20 mil pessoas passavam por ano lá, entre treinos e competições.
O Centro foi construído com verba federal e estadual, num esforço conjunto dos três níveis de governo. A prefeitura paulistana cedeu o terreno, localizado no bairro do Jabaquara, em São Paulo. O sucesso do Brasil nas Paralimpíadas é prova de que investimento, política pública bem desenhada e esforço em lapidar talentos dá resultados.