Como o Planalto recebeu o recado de Lira em discurso

Atualizado em 6 de fevereiro de 2024 às 13:17
Lula, presidente do Brasil, e Arthur Lira, presidente do Congresso. Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Para pessoas de dentro do Palácio do Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deixou claro em seu discurso na abertura do ano Legislativo que está determinado a garantir a escolha de seu sucessor em 2025, enviando uma mensagem direta ao executivo, segundo o jornal O Globo. Lira ressaltou que a Casa não será paralisada pelo ano eleitoral e cobrou do governo o cumprimento de acordos estabelecidos.

Segundo fontes próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Lira expressou seu desejo de contar com o apoio do chefe do Executivo para a indicação do próximo presidente da Câmara. O nome favorito de Lira para a sucessão é Elmar Nascimento (União-BA), embora outros políticos também estejam sendo considerados.

Porém, Lula ainda não teria demonstrado uma posição clara em relação ao apoio direto a candidatos específicos. Nomes como Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antônio Britto (PSD-BA), Hugo Motta (Republicanos-PB) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL) também estão em pauta. O envolvimento de Lula com um candidato poderia romper relações com os demais, todos líderes de partidos com representação no governo.

Fontes próximas a Lula afirmam que Lira manifestou interesse em discutir pessoalmente a sucessão da Câmara com o presidente. No entanto, o encontro, inicialmente planejado para esta semana, pode ser adiado devido à agenda de Lula, que viaja nesta terça-feira para o Rio de Janeiro e na quarta para Minas Gerais.

Embora Lula não tenha demonstrado pressa em agendar a reunião, seu encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na última quinta-feira, pode acelerar uma possível conversa com Lira. Notavelmente, Lira não compareceu a eventos onde poderia ter encontrado Lula pessoalmente na semana passada.

Parlamentares próximos a Lira afirmam que ele busca, no mínimo, a neutralidade de Lula na sucessão. Por sua vez, o Planalto interpreta a movimentação como uma tentativa de pressionar o governo a apoiar seu candidato em troca de um ambiente mais favorável na Câmara.

Os recados de Lira têm sido transmitidos a Lula por de membros do governo, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), enquanto o diálogo com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi cortado por Lira desde o final do ano passado.

Apesar das tensões entre Lira e Padilha, o Planalto mantém a pauta econômica como prioridade e vê a relação com a Câmara como fundamental para avançar com propostas como a reforma tributária.

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