“Dois Papas” traz colóquios belíssimos entre Jorge Bergoglio, o futuro Francisco, e Bento XVI.
Belíssimos e fictícios.
No filme, Bergoglio vai ao Vaticano pedir permissão para se aposentar, o que lhe é negado pelo pontífice.
Quem quer pendurar as chuteiras, ele fica sabendo, é o alemão.
Enquanto esse drama se desenrola, conhecemos a trajetória do argentino durante a ditadura em seu país, seus arrependimentos, sua cruz, um amor do passado, a dificuldade de se perdoar.
Embora o encontro de 2012 seja ficção, é verdade que os dois homens estiveram juntos em Castel Gandolfo, mas foi em março de 2013, depois que Bento renunciou e Bergoglio já assumira seu posto.
Os papos são obra do roteirista Anthony McCarten, que fez uma peça sobre isso.
“Ninguém sabe o que realmente aconteceu. Existem diferentes níveis de presunção quando você embarca nessas coisas”, disse ele ao site The Wrap.
Idiotas da objetividade de diversas orientações estão reclamando que é tudo mentira.
Ora. É cinema. É ficção.
Embora o diretor Fernando Meirelles use imagens de época aqui e ali, não se trata de documentário.
McCarten é autor dos roteiros de “A Teoria de Tudo”, “A Hora mais Escura” e “Bohemian Rhapsody”, todos “baseados em fatos reais”.
Ele conta que estava na Praça de São Pedro, em Roma, num período de luto com a namorada e teve um insight.
“Por que Bento renunciou? Por que o papa mais tradicionalista da era moderna faria a coisa mais não-tradicionalista? A partir dessas duas perguntas, essa história surgiu.”
Comentou sobre o quão precisas as conversas são.
“Existem diferentes níveis de presunção quando você embarca nessas coisas”, disse.
“Não sabemos realmente o que houve. As posições declaradas de ambos os papas são bem conhecidas e pesquisei muito. Mas o fato de eles terem entrado em uma espécie de debate teológico é basicamente minha presunção.”
Para ele, “foi uma alegria colocar esses dois opostos polares, um conservador e progressista, em um debate que, esperançosamente, fala sobre coisas fora da fé”.
“O mundo é melhor se for imutável e conservador, ou precisamos abraçar a mudança e assumir riscos ousados?”