Como se não fosse problema seu, Cármen Lúcia lamenta o cansaço dos brasileiros com a Justiça enquanto Moro barbariza. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 9 de fevereiro de 2018 às 14:56
“My precious”

No mesmo dia em que Cármen Lúcia, presidente do STF, choramingava que “o cidadão brasileiro está cansado da ineficiência de todos nós”, Sergio Moro mandava um recado de “eficiência” citando um ministro da corte morto.

Por ordem dele, a PF prendeu o irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, em Ribeirão Preto.

“Autorizo desde logo a transferência para o sistema prisional em Curitiba, Complexo Médico Penal, ala reservada aos presos da Operação Lava Jato”, diz em despacho.

Na decisão, declara que “foi exaurida a segunda instância, devendo as penas serem executadas como previsto expressamente no acórdão condenatório”.

Citou Teori Zavascki, que morreu em um acidente aéreo em janeiro de 2017.

“O Relator foi o eminente ministro Teori Zavascki, sendo, de certa forma, a execução provisória da condenação em segunda instância parte de seu legado jurisprudencial, a fim de reduzir a impunidade de graves condutas de corrupção”, afirmou.

“Parte da responsabilidade pela instauração da corrupção sistêmica e descontrolada no Brasil foi a inefetividade dos processos criminais por crimes de corrupção e lavagem no Brasil e que o aludido precedente da lavra do eminente ministro Teori Zavascki buscou corrigir. Que o seu legado seja preservado.”

Luiz Eduardo, irmão de José Dirceu

Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, corretor de imóveis, foi condenado por Sergio Moro em maio de 2016 a oito anos e nove meses de reclusão por lavagem e pertinência à organização criminosa.

O TRF-4 aumentou a pena para 10 anos, seis meses e 23 dias.

A defesa entrou com um habeas corpus e deseja que Luiz Eduardo cumpra a pena em Ribeirão, onde mora a família.

Os advogados contam que souberam de tudo pela imprensa. Seu cliente sempre se apresentou ao juízo quando intimado e é réu primário, dizem. 

Por que o show? Por que Curitiba?

Para pressionar gente como a recalcitrante Cármen, que se queixa do cansaço do brasileiro como se não tivesse nada a ver com isso. 

O tal cansaço vem de uma corte fraca, movida a vaidades e refém de um magistrado de primeiro grau e da Globo, que pautam a Justiça e, por extensão, o noticiário.

O recado é Lula preso amanhã. É para atropelar. Fux já entendeu.

Como não se cansar?