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Por Jeferson Miola
No final de dezembro de 2020 a rainha Elizabeth II condecorou o piloto inglês de Fórmula1 [F1] Lewis Hamilton com o título de cavaleiro da Ordem do “Império Britânico” – esta idiossincrasia monárquica, para dizer de modo diplomático, que ainda existe no planeta Terra em pleno terceiro milênio.
O último piloto inglês de F1 a ser condecorado pela rainha neste século 21 foi Jenson Button, em 2010.
Hamilton é um piloto excepcional, diferenciado, heptacampeão e recordista absoluto em termos de conquistas, e incomparavelmente superior a Button, como se observa na tabela:
Apesar de ter participado de menos temporadas e de ter disputado menos corridas que o mediano Button, Hamilton é reconhecido como um dos maiores – senão o maior – piloto da história da F1 na atualidade.
Ocorre, contudo, que Hamilton é negro. E, devido à cor da sua pele, Hamilton precisou ter um desempenho 7 vezes superior a Button para obter o mesmo reconhecimento “real” que o também piloto britânico, que é branco.
Hamilton foi campeão mundial pela 1ª vez em 2008, e Button conquistou seu único campeonato mundial de F1 somente no ano seguinte, em dezembro de 2009 – depois, portanto, da 1ª conquista de Hamilton de uma coleção de 7 títulos mundiais.
Apesar disso, entretanto, Button recebeu a condecoração real já imediatamente no semestre seguinte, em junho de 2010; ao passo que a homenagem real a Hamilton somente se realizou 12 anos depois do seu 1º triunfo, e após uma carreira esportiva incontrastável!
Não é preciso ser expert em Fórmula1 para saber que o discurso hipócrita da meritocracia esconde a realidade abjeta do racismo estrutural.