O deputado bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos), que atacou a jornalista Vera Magalhães na saída do debate para governador do estado de São Paulo, foi condenado em segunda instância na Justiça de São Paulo, em fevereiro, por dossiê que expôs dados pessoais de cerca de 1.000 pessoas que se declaram contra o fascismo.
Garcia, que foi eleito com apoio da família Bolsonaro e chamou as pessoas listadas no documento de “terroristas” e “criminosas”, foi obrigado a indenizar todas as pessoas que tiveram seus dados divulgados em junho do ano passado. Vinicius Segalla falou de Garcia no DCM em abril:
O deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) afirmou, em postagens de visualização restrita em redes sociais, que “GOSTA MUITO” do movimento dos “Carecas nacionalistas”. E, em seguida: “Os Carecas são nacionalistas, pró-família, são exatamente como nós, só diferem porque descem o cacete nos comunas (o que eu aprovo muito, diga-se de passagem).”
O parlamentar referia-se a grupos de extrema-direita que também são conhecidos por seu nome em inglês, skinheads, e por praticarem atos de violência e até homicídios como alegada forma de expressão política.
A postagem de Garcia está colecionada nos autos do processo 1006534-55.2022.8.26.0071, corrente no Tribunal de Justiça de São Paulo e ao qual o DCM teve acesso, em que o republicano é réu pela confecção e a divulgação de um dossiê com dados patrimoniais e residenciais de mais de 1.000 pessoas, classificadas por ele como “terroristas antifascistas”. Esse episódio vem rendendo sucessivos processos e derrotas judiciais para o deputado.
Douglas Garcia tem 28 anos, está em seu primeiro mandato e no quarto partido desde que ingressou na Assembleia Legislativa e na política. Ele já foi do Patriota (2017-18), do PSL (2018-20) e do PTB (2020-22), atualmente está no Republicanos.
O que não se altera é seu gosto pela violência como ferramenta política. Em 2016, aos 22 anos, o agora deputado dirigia o movimento “Direita São Paulo”, hoje renomeado “Movimento Conservador” e presidido por seu chefe de gabinete, Edson Salomão.
Em uma live transmitida pelo Youtube, no dia 8 de maio daquele ano, Garcia debatia com líderes estudantis do país a forma como o marxismo cultural havia tomado de assalto o sistema universitário brasileiro. Um dos debatedores lamentou que tivesse ocorrido em uma universidade pública de seu estado um evento de caráter comunista.
O deputado, então, respondeu:
“Eu sou aquele cara bastante ativo, tá ligado? Eu já queria ir com unhas e pedras pra cima dos caras, já queria ir caindo na porrada mesmo. Já queria entrar dentro da Universidade de São Paulo gritando ‘Abaixo o Comunismo!’, ‘Democracia no Poder’, nessa linha.
Mas daí eu conversei com um pessoal da Direita Paulistana, eles me disseram, ‘calma, a gente não precisa de extremismo’.”
Ainda na mesma live, Garcia disse: “Eu fico emputecido. Você digita ‘nazismo’ na Wikipedia, e a primeira coisa que está escrito é que era um movimento de extrema-direita. Olha a que ponto chegou o marxismo cultural!”
Disse ainda que Benito Mussolini foi um dos precursores do fascismo no Brasil. Um pouco adiante, ouviu de um colega o convite para formar fileiras com uma manifestação em homenagem ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, do qual declinou, dizendo pessoalmente ser entusiasta da ideia, mas que não poderia deixar de levar em conta o desgaste político que tal apoio poderia gerar.
Já em novembro de 2017, o então ativista conservador esteve à frente da organização e da execução dos protestos que acompanharam a filósofa norte-americana Judith Butler durante sua visita ao Brasil, feito de que até hoje se orgulha.
Durante um ato em frente ao Sesc Pompeia, em São Paulo, onde os conservadores queimaram uma boneca representando a pensadora, Garcia, ao longo de um de seus discursos proferidos na ocasião, fez questão de agradecer a presença de membros do grupo Carecas do ABC, conhecida facção extremista de São Paulo. Disse, apontando para “os rapazes” e recebendo aplausos do público: “Não posso também deixar de falar desses rapazes que vieram aqui nos defender e protestar contra a ideologia de gênero, que são os rapazes dos Carecas do ABC. Eles vieram!”
TBT: Bolsonarista Douglas Garcia, que atacou a jornalista Vera Magalhães, enaltecendo um grupo nazista. Não falha! pic.twitter.com/ZRgA8Pl8yA
— Lázaro Rosa ?? (@lazarorosa25) September 14, 2022
Já em junho de 2018, então em pré-campanha eleitoral por uma vaga na Assembleia Legislativa, Garcia publicou vídeo rasgando cartazes antifascistas que haviam sido colados do lado externo de um muro de uma escola na Grande São Paulo.
O então pré-candidato afirma no vídeo que aquilo não era uma manifestação que representava o povo, e no entanto era o imposto pago pelo povo que estaria bancando aqueles cartazes ali, ao invés de ir para a saúde e para a educação. Resolve, então, rasgar todos. Veja abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=39at4Fe7b20&feature=emb_title
No dia 17 do mês seguinte, o então pré-candidato publicou vídeo explicando como associações que defendem o direito à pedofilia estariam buscando guarida no Brasil junto a partidos e movimentos de esquerda. Disse que esquerdista defende a pedofilia, e pedofilia, aqui, não.
É com este discurso e mais a defesa dos direitos dos policiais e da honradez das instituições policiais militares brasileiras que o deputado constroi suas plataformas desde antes de militar na política partidária. A favor dos Carecas do ABC, contra o movimento antifascista, pela família, pela polícia e contra a pedofilia e o comunismo, que são quase a mesma coisa.
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