Conheça o deputado árabe que pode derrubar o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu

Atualizado em 5 de abril de 2019 às 22:00
O pesadelo de Bibi: Árabe, comunista e pacifista, o deputado Ayman Odeh é destaque na revista semanal L’Obs Fotomontagem RFI

Publicado originalmente no RFI

A revista francesa L’Obs desta semana traz um perfil de quatro páginas do deputado israelense Ayman Odeh. O texto conta como esse político árabe, comunista e pacifista, tem sido a pedra no sapato do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O chefe do governo tenta se manter no poder na eleição legislativa de 9 de abril.

Com o título “o pesadelo de Bibi”, a revista apresenta o palestino de 44 anos, chefe do partido Hadash, que faz parte da minoria árabe que persiste na região, apesar da pressão israelense. Ayman Odeh cresceu em uma família muçulmana e militou, desde a juventude, pela criação de um Estado para os palestinos dos territórios ocupados, sempre criticando as condições de vida precárias dos árabes israelenses.

O deputado, que também é advogado, luta pelo reconhecimento de um Estado palestino ao lado de Israel e critica medidas que discriminam os árabes, vistos como cidadãos inferiores. Ele também contesta a política do premiê, que tenta um quinto mandato apesar de enfrentar um triplo processo por corrupção.

Odeh pode ter um papel importante no pleito, se aliando aos dois candidatos de centro que enfrentam o atual premiê, explica a revista. Como esse apoio, “ele pode se tornar o homem que vai derrubar Netanyahu, que está há dez anos no poder”, continua L’Obs.

Entre Mandela e Luther King

“Seus admiradores comparam Ayman Odeh a Martin Luther King ou a Nelson Mandela, mas seus opositores o tratam de terrorista”, conta a revista. No entanto, o deputado se vê apenas como um elemento de luta pela igualdade entre árabes e judeus em Israel.

Partidário da não-violência, ele cultiva uma imagem de político moderado, diferente de seus colegas parlamentares árabes, muito mais virulentos. Mas isso não quer dizer que ele e sua família estejam isentos dos ataques ou da violência do conflito israelo-palestino. Seu cunhado foi morto durante uma manifestação e ele mesmo já foi ferido por policiais durante um protesto em um vilarejo de beduínos ameaçados de expulsão.

Segundo a revista, Ayman Adeh pode influenciar nos resultados, que vão depender principalmente da taxa de participação dos árabes no pleito. “Ele é muito popular entre os jovens, admirado por sua capacidade de mobilizar as pessoas”, comentam especialistas ouvidos pela L’Obs.

Segundo o deputado, “Netanyahu entende melhor que ninguém o peso do voto árabe”, e lembra que foi essa população que ajudou a dar o cargo de primeiro-ministro a Yitzhak Rabin no passado. E uma vitória da oposição pode se repetir na próxima semana, já que os candidatos de centro contam cada vez mais com o apoio dos árabes.

Mas para dar seu apoio a um dos dois candidatos do centro que podem desbancar Netanyahu, Adeh já avisou que espera engajamentos concretos, como a instauração de um programa contra a violência visando os árabes e uma posição clara sobre o processo de paz com os palestinos.

A eleição legislativa israelense acontece na próxima terça-feira, 9 de abril.