Na manhã desta quarta-feira (9), Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi preso em Florianópolis (SC) por investigações relacionadas à sua possível interferência no 2º turno das eleições em 2022.
Nascido em 1975 em Ivaiporã, no Paraná, aos 48 anos, Vasques tem extensa formação acadêmica em economia, administração, direito e segurança pública. Sua trajetória na PRF começou em 1995, e após 27 anos de serviço, optou pela aposentadoria voluntária integral em dezembro de 2022.
Foi superintendente nos Estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, e atuou como Coordenador-Geral de Operações. Também exerceu os cargos de Secretário Municipal de Segurança Pública e de Transportes em São José, em Santa Catarina, entre os anos de 2007 e 2008.
Ele também tem potencial envolvimento na Chacina da Vila Cruzeiro, ocorrida em maio do ano passado em uma favela de mesmo nome no Rio de Janeiro e que tomou os noticiários na época, em operação conjunta do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), da PF e da PRF.
O cenário político recente foi marcado por seu afastamento do cargo de diretor-geral pela decisão do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e por sua manifestação nas redes sociais apoiando a reeleição do ex-capitão, postagem esta que foi posteriormente deletada.
Acusações e controvérsias sobre atuação da PRF em eleições
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aprovou a prisão preventiva de Vasques devido a um inquérito que avalia ações da PRF durante as eleições. Foi observado que, até as 17h da data eleitoral, a PRF inspecionou 619 ônibus em todo o Brasil, 47,6% dos quais estavam no Nordeste, contrariando uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em sua defesa, durante a CPMI dos Atos Golpistas, Vasques reiterou a regularidade das operações da PRF. Segundo ele, a prioridade era garantir a segurança, destacando que não houve acidentes graves registrados com ônibus ou vans no dia das eleições.
Controvérsias e depoimentos incoerentes
Vasques, no entanto, foi confrontado por diversas inverdades em seus depoimentos. Uma delas foi sua negação de ter trabalhado para a Combat Armor, uma empresa de blindagem ligada ao empresário trumpista Daniel Beck. Posteriormente, foi revelado que ele serviu como vice-presidente da empresa logo após sua aposentadoria.
Além disso, o bolsonarista afirmou à CPMI que não enfrentava processos legais, mas essa declaração foi refutada pela relatora da CPMI, Eliziane Gama, que apresentou registros de 8 processos administrativos e 23 denúncias contra Vasques.
Repercussões no cenário político
Membros da CPMI, como a relatora Eliziane Gama e o senador Fabiano Contarato, lembraram Vasques de que mentir durante a sessão era um crime. O deputado Duarte Jr (PSB-MA) chegou a pedir sua prisão em flagrante, embora a ação não tenha sido tomada.
Vasques ainda enfrenta críticas e polêmicas por suas respostas evasivas e sarcásticas em relação ao seu envolvimento com a Combat Armor e possíveis conflitos de interesse, especialmente devido aos contratos da empresa com o governo.
Este caso permanece sob investigação, com Silvinei Vasques sendo um dos principais focos devido à sua influente posição na PRF e suas declarações polêmicas.