Professor de direito constitucional da USP e doutor em direito e ciência política, Conrado Hubner resumiu o escândalo da Covaxin:
1- Ricardo Barros nomeou a servidora que autorizou o contrato irregular, quando ainda era Ministro da Saúde.
2- O Governo Bolsonaro recusou sistematicamente a compra de vacinas com eficácias mundialmente reconhecidas e ainda acrescentou que “não iria atrás de nenhuma empresa para adquirir vacina; elas, as empresas, que viessem atrás”.
3- Ricardo Barros, líder do governo, incluiu emenda para permitir a compra da vacina indiana, que sequer havia sido aprovada pela Anvisa, em detrimento de vacinas já disponíveis.
4- Governo assina contrato de compra com a empresa indiana, por valor muito superior às demais e com eficácia bastante duvidosa até mesmo na Índia e recusada nos países mais desenvolvidos, mesmo alertado formalmente de tal fato pelo embaixador do Brasil na Índia.
5- A compra da vacina é intermediada por uma empresa nacional: a Precisa.
6- Ricardo Barros é réu em ação de improbidade com a sócia da mesma empresa.
7- Flavio Bolsonaro participou de reunião no BNDES acompanhando o dono da empresa Precisa, sem qualquer justificativa.
8- O contrato de compra da vacina é assinado e um servidor público verifica a ocorrência de fraude no invoice, que previa o pagamento adiantado a uma empresa que não integrava o contrato.
9- O irmão do servidor público, deputado federal da base do governo, participa de reunião presencial com Bolsonaro e o informa da fraude;
10- Bolsonaro imediatamente afirma que isso é “coisa do deputado federal Ricardo Barros, seu líder na Câmara, e que se mexer nisso vai dar merda”
11- Presidente afirma que vai oficiar imediatamente a Polícia Federal, mas permanece omisso e o contrato continua vigente, não adotando nenhuma providência.
12- o desvio de mais de 200 milhões de reais, com a transferência para uma off shore sediada em Cingapura, somente não ocorre porque o servidor concursado se recusa a assinar e sofre grande pressão de seus superiores, nomeados pelo Governo Bolsonaro, para efetuar o pagamento, mesmo alertado da ilegalidade.
13- Bolsonaro, então, determina que a Polícia Federal investigue o servidor e instaure procedimento administrativo em seu desfavor.
14- Durante os depoimentos na CPI, Frederic Wassef, advogado da família Bolsonaro, que defende Flavio no processo criminal da rachadinha e escondeu Queiroz, assessor parlamentar e operador de Bolsonaro e seus filhos em sua casa, mesmo afirmando em diversas entrevistas que não sabia onde ele estava, comparece para acompanhar pessoalmente a CPI.
15- Nesse meio tempo, mais de meio milhão de brasileiros de todas idades, mais precisamente, 511.142, morreram em razão da ausência de vacina, porque o Governo recusou sistematicamente a compra de vacinas com eficácia comprovada pelo valor de R$15,85 para adquirir uma vacina que não é aceita nem mesmo na Índia pelo valor de R$75,25, com um único objetivo: roubar 200 milhões de reais.
Sequência publicada originalmente no Twitter do autor:
Ricardo Barros é desses que defende o nepotismo em nome da família:
"O poder público poderia estar mais bem servido, eventualmente, com um parente qualificado do que com um não parente desqualificado"
Surprise surprise: esposa nomeada em conselho de Itaipu
— Conrado Hubner (@conradohubner) June 26, 2021