Publicado originalmente no Balaio do Kotscho
POR RICARDO KOTSCHO
Entre as muitas pesquisas divulgadas esta semana, mostrando a queda da aprovação de Bolsonaro, a que mais me chamou a atenção foi a do Ipespe, que procurou saber o que os brasileiros estão sentindo neste momento, às vésperas do governo completar 100 dias.
O resultado está na coluna de Mônica Bergamo, na Folha:
“A maior parte das pessoas (62%) se diz preocupada, envergonhada, indignada, triste ou com medo hoje no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Ipespe.
Outras 33% afirmam estar esperançosas, alegres e tranquilas; 2% se dizem entusiasmadas e apenas 1%, orgulhosas”.
Quem será que está incluído neste 1%? Gostaria de conhecer estas pessoas para saber seus motivos.
Grosso modo, a pesquisa reproduz a proporção de um terço da população, os que estão otimistas, que votou em Bolsonaro na eleição e lhe continua fiel.
Os dois terços de desalentados constituem a soma dos que votaram em Haddad, anularam o voto, votaram em branco ou se abstiveram.
Até a pesquisa oficial do mercado, que reúne bancos e rentistas, encomendada pela corretora XP ao mesmo Ipespe, e divulgada nesta sexta-feira, mostra queda na popularidade de Bolsonaro: de janeiro para cá, o índice caiu de 40% para 35%.
Na pesquisa do instituto Big Data, contratada pela revista Veja, no mesmo período a aprovação de Bolsonaro caiu 12 pontos percentuais: de 50% para 38%.
Todas as pesquisas mostram números semelhantes: cerca de um terço da população ainda acredita no governo.
Na véspera, pesquisa do Atlas Político já havia mostrado que a aprovação do presidente (30,5%) já é menor do que a dos que o rejeitam (31,2%).
Nenhum outro presidente teve índices tão baixos nos primeiros 100 dias após a redemocratização do país.
A maioria dos desiludidos está na classe média. Estimativa do Big Data calcula que cerca de 15 milhões de eleitores que votaram em Bolsonaro deixaram de avaliar seu governo de maneira positiva.
Se Bolsonaro reagir com fúria às pesquisas em que está despencando, como fez quando o IBGE divulgou esta semana o aumento do número de desempregados no país (foi para 13,1 milhões), estes institutos vão ter que mudar suas metodologias ou correrão o risco de entrar na lista negra dos comunistas.
Será engraçado incluir neste rol de malditos a XP, a maior corretora do país, com controle indireto do Itaú.
Nada mais é impossível no país dos bolsonaros, do nazismo de esquerda e da terra plana.
A única boa notícia para o governo foi dada na manhã de hoje pelo próprio presidente: o ministro da Educação, Vélez Rodriguez, finalmente deve ser demitido na segunda-feira.
Pelo menos os livros didáticos foram salvos do colombiano doido que queria reescrever a História do Brasil.
Bom final de semana a todos.
Vida que segue.