Por Moisés Mendes
Os brasileiros mais curiosos talvez nunca fiquem sabendo se eram republicanas as conversas do procurador-Geral da República, Augusto Aras, com tios milionários do zap acusados de articulação pelo golpe.
A única chance de ter acesso ao que eles conversavam, pelo menos por enquanto, é por vazamento das informações já em mãos da Polícia Federal e possivelmente do ministro Alexandre de Moraes.
As conversas existem e não foram negadas pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araujo. Tanto que hoje ela decidiu que os diálogos não serão divulgados.
Aras conversava com um grupo que está agora sob investigação da Polícia Federal e de Alexandre de Moraes. Conversava o quê? Com os oito investigados ou com alguns deles? Conversavam por telefone ou por WhatsApp?
Se eram conversas normais, por que esconder? Lindôra Araujo negou acesso aos registros, ao analisar pedido feito ao Supremo pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES).
Os jornais que cobraram transparência de Moraes na divulgação dos argumentos para as ações contra os empresários vão manter agora a mesma posição? Moraes já divulgou as informações.
E agora, diante da recusa da vice da PGR, Folha, Globo e Estadão vão exigir a divulgação das conversas de Aras? Inclusive as que também podem envolver jornalistas da casa com os tios do zap?
A Globo, que divulgou uma conversa de Dilma com Lula, vazada por Sergio Moro, antes do golpe, vai exigir a divulgação dos diálogos do procurador com os sujeitos do zap?
O cinismo é testado mais uma vez. Estamos aguardando apelos pela transparência, em nome do interesse público.