Em entrevista à Folha de S. Paulo, Hédio Silva Jr., ex-secretário da Justiça de São Paulo e coordenador-executivo do Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras), criticou a postura de Silvio Almeida, ex-ministro de Direitos Humanos, por associar as denúncias de assédio sexual contra ele a uma tentativa de enfraquecer as lutas do movimento negro no Brasil. Silva Jr. afirmou que, embora Silvio tenha ganhado destaque com a obra “Racismo Estrutural”, ele não pode ser visto como um representante legítimo do movimento negro.
Segundo Hédio, Silvio Almeida é mais conhecido pelo sucesso acadêmico e editorial, mas não possui uma atuação orgânica dentro das principais organizações negras. “Silvio é símbolo do academicismo negro bem-sucedido, mas nunca teve uma militância forte no movimento negro”, declarou o advogado. Ele ressaltou que várias organizações de defesa dos direitos dos negros manifestaram apoio imediato à ministra Anielle Franco, uma das supostas vítimas de assédio.
Silvio Almeida, formado em Direito pela Universidade Mackenzie e em Filosofia pela USP, também atua como professor universitário e advogado. Além de suas aulas, ele é conhecido por palestrar amplamente sobre racismo, sendo reconhecido como um dos principais especialistas no tema no país. No entanto, Hédio Silva Jr. destacou que ser um acadêmico renomado não o credencia a falar em nome do movimento negro.
O coordenador do Idafro também afirmou que a trajetória de Silvio Almeida foi marcada por decisões individuais, sem consultas aos coletivos e movimentos sociais. Ele citou a atuação do ex-ministro no comitê de diversidade do Carrefour, após a morte de Beto Freitas em 2020, como exemplo de falta de diálogo com as organizações do movimento negro.
Na época, Silvio Almeida justificou sua participação no comitê alegando que era necessário buscar formas de reparação e responsabilização, mas sua postura foi amplamente criticada por lideranças populares e pela Coalizão Negra por Direitos. Hédio Silva Jr. argumentou que a falta de envolvimento com o movimento impossibilita Silvio de ser um porta-voz legítimo, como outras lideranças históricas.
Hédio também criticou a resposta de Silvio Almeida às denúncias de assédio sexual, sugerindo que a ministra Anielle Franco estaria mentindo. “Desqualificar a vítima não é uma estratégia válida em casos de assédio”, afirmou o advogado. Ele defendeu que Silvio deveria ter negado diretamente as acusações, sem tentar minimizar a gravidade do caso.
Após ser demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Silvio Almeida continua a negar as denúncias e diz estar disposto a provar sua inocência no decorrer do processo legal. Ele declarou que os fatos devem ser esclarecidos para que ele possa se defender adequadamente, apesar de acreditar que não deveria ser responsável por provar sua própria inocência.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
?Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line