Palmas para a repórter Laurene Santos.
Foi ela quem corajosamente enfrentou o falastrão Jair Bolsonaro em Guaratinguetá durante um surto após uma pergunta simples e direta.
Funcionária da Rede Vanguarda, afiliada da Globo no Vale do Paraíba (SP) e região, ela questionou o psicopata sobre o uso da máscara.
“Para de tocar no assunto. Você quer botar… Me botem. Vai botar agora? Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa! Vocês são uma porcaria de imprensa! Cala a boca!”, gritava.
Ao lado do delinquente, uma Carla Zambelli calada em aprovação silenciosa.
Laurene é o tipo de vítima preferencial de Bolsonaro: mulher, jovem, inteligente e insubmissa.
Não é a primeira e não será a última a ser alvo do canalha.
Em 1987, uma reportagem da Veja revelou que ele elaborou um plano terrorista para explodir bombas em quartéis e outros locais estratégicos no Rio de Janeiro.
Bolsonaro e um colega militar, Fábio Passos, queriam pressionar o comando.
“Sem o menor constrangimento, Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio”, escreveu a jornalista Cássia Maria.
“O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas Pires Gonçalves. De acordo com Bolsonaro, se algum dia o ministro do Exército resolvesse articular um golpe militar, ‘ele é que acabaria golpeado por sua própria tropa, que se recusaria a obedecê-lo’”.
Leônidas tentou desmentir a história, mas a revista publicou desenhos feitos à mão pelo próprio Bolsonaro, mostrando a adutora de Guandu, que abastece o Rio, e o rabisco de uma carga de dinamite.
O ato grave de indisciplina culminou em 15 dias de cadeia para o então capitão. Documentos sobre o julgamento foram publicados pelo DCM com exclusividade.
O STM, por nove votos a quatro, considerou–o inocente, mesmo depois de uma comissão interna do Exército, chamada de Conselho de Justificação, tê-lo excluído do quadro da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e de suas explicações não terem sido consideradas satisfatórias.
Bolsonaro alegou que não conhecia Cássia e depois a ameaçou de morte, contou ela.
Cássia afirma que, quando se preparava para depôr, encontrou o sujeito.
Ele fez um gesto com as mãos, como se estivesse disparando uma arma contra ela. “Você vai se dar mal”, disse-lhe.
Cássia passou a precisar de proteção policial.
A história foi registrada na Veja e no Jornal do Brasil (abaixo, os recortes).