Em processo de “ocidentalização”, a Coreia do Sul quer proibir a produção, venda e compra de carne de cachorro em todo o país. Em resposta, cerca de 200 fazendeiros, proprietários de restaurantes e profissionais do setor realizaram protestos pelas ruas de Seul e em frente ao prédio do gabinete presidencial, enfrentando a repressão das forças de segurança, na quinta-feira (30).
O presidente da Associação de Produtores de Carne de Cachorro da Coreia, Joo Young-bong, expressou sua indignação e ameaçou soltar 2 milhões de cães em Seul, especialmente em áreas próximas a prédios públicos e residências de políticos.
As iniciativas de proibição foram apresentadas pelo Partido do Poder do Povo e pelo Partido Democrático da Coreia na semana passada. Ambos os projetos contam com amplo apoio bipartidário e propõem penalidades significativas, incluindo detenção de 3 a 5 anos e multa de pelo menos R$ 114 mil para aqueles envolvidos na produção, venda ou consumo de carne de cachorro.
A primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Keon-hee, defensora ativa da proibição e dona de seis cães junto ao presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol, fortaleceu o movimento anti-consumo de carne de cachorro.
Segundo uma pesquisa da Gallup Korea em 2022, 64% da população sul-coreana se opõe ao consumo desse tipo de carne, enquanto apenas 8% admitiram tê-la consumido no último ano.
As propostas legislativas preveem apoio financeiro para os estabelecimentos comerciais afetados pela proibição, como restaurantes, fazendas, açougues e revendedores. Esses negócios terão a obrigação de apresentar um plano de retirada do mercado.
Essa não é a primeira vez em que o governo sul-coreano tenta implementar uma proibição da carne de cachorro. Em 2021, o ex-presidente Moon Jae-In propôs uma proibição semelhante, mas recuou diante dos protestos dos produtores.
Se um dos projetos for aprovado, o consumo de carne de cachorro poderá ser totalmente banido no país até 2027, encerrando uma prática cultural da Coreia do Sul e de outros países asiáticos, como China e Índia.