Coronel diz que golpistas viviam em mundo paralelo: “Pessoa disse que era ET”

Atualizado em 16 de março de 2023 às 21:40
Coronel Jorge Eduardo Naime durante depoimento na CPI dos atos antidemocráticos. Foto: Reprodução

O coronel Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da PM-DF, disse que bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército em Brasília viviam “em um mundo paralelo”.

Em depoimento na CPI dos atos antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta quinta-feira (16), o coronel afirmou que alguns acampados acreditavam ser extraterrestres. Comparando o acampamento a uma “seita”, Naime também disse ter ido ao local por diversas vezes.

“O acampamento foi o centro dos atos que aconteceram no DF. Eles viviam em uma bolha ali dentro, só consumiam informações do carro de som que circulava por lá, não viam o que acontecia fora dali. Parecia uma seita. Tinha diversos idosos em situação de abandono que acharam um lugar para estar com pessoas, ter um motivo de vida”, afirmou.

Segundo Naime, um dos acampados chegou a abordá-lo afirmando ser um extraterrestre infiltrado disposto a “ajudar a tomar o poder”. “Escutei relatos que falei: ‘Não é possível que essa pessoa está me falando isso’. Teve uma pessoa que me abordou um dia e falou para mim que era um extraterrestre, que estava ali infiltrado e, assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iam ajudar a tomar o poder”, relatou.

Bolsonaristas no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília. Foto: Reprodução

O ex-comandante conta que a corporação chegou a ser notificada sobre casos de tráfico de drogas e prostituição dentro do acampamento, além de um movimento de arrecadação de dinheiro.

“Tínhamos denúncias da ‘máfia do Pix’, que eram várias lideranças dentro do acampamento. Não temos [nomes dessas pessoas], mas elas ficavam no acampamento e era o tempo inteiro pedindo para as pessoas que estavam ali que fizessem Pix para manter o acampamento”, disse.

O coronel também alegou que o Exército impediu tentativas de conter o ato golpista. “Fui acessar a área onde toda a população estava acessando, fardado, com patrulheiro do lado, mas fui abordado por um soldado que botou a mão no meu peito, me proibiu de entrar, chamou o GSI, a comando do capitão Roma. A população veio correndo, veio um sargento me apontando o dedo na cara, me mandando sair, a população começou a me xingar e fui colocado para fora.”

Naime está preso desde fevereiro por suspeita de omissão antes e durante as invasões às sedes dos Três Poderes. O coronel foi alvo da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), que investiga a omissão e suspeita de colaboração de militares frente aos atos antidemocráticos.

Veja os vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=9ACDx917vP8

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