A exclusão do coronel Ricardo Sant’Anna da comissão de transparência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicou falhas do Exército em assegurar o controle referente a atuação político-partidária dos oficiais. O ocorrido mostra a dificuldade das Forças Armadas em garantir a isenção no processo de fiscalização das urnas eletrônicas.
Ricardo Sant’Anna era um dos integrantes indicados pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) para analisar a segurança das urnas eletrônicas. Ele, porém, postou informações falsas nas redes sociais sobre os equipamentos, além de compartilhar publicações de páginas bolsonaristas e atacar a oposição.
Segundo o Estadão, o Exército pretendia afastar o militar antes da decisão do ministro Edson Fachin de excluir o coronel da equipe de análise das urnas e só não o fez porque buscava um substituto. Sant’Anna e os outros oficiais que integram a comissão teriam sido advertidos sobre o uso de redes, em 2021, quando foram trabalhar no grupo. O Comando teria determinado que, caso houvesse indício de transgressão, ela seria apurada.
Analistas disseram ao Estadão que acreditam que o caso compromete a imagem do Exército. “Ele (Exército) pode até querer agir de forma neutra, mas não está adotando salvaguardas suficientes”, disse o cientista político Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo Lima, se o coronel, como cidadão, pode ter uma determinada opinião, como representante do Estado ele deveria ter sido extremamente isento e ter tido mais cuidado nas redes sociais. “Por que o Exército não fez uma investigação social prévia dos militares? Pois era papel da inteligência levantar essa situação a fim de proteger a instituição”, afirmou.