Maior caso de corrupção no Brasil é Moro negociar com Bolsonaro enquanto ostentava a toga. Por Kakay

Kakay se manifesta com exclusividade para o DCM

Atualizado em 14 de janeiro de 2022 às 10:35
Veja Kakay e Moro
Kakay e Sergio Moro. Foto: Wikimedia Commons/Reprodução

O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, escreveu com exclusividade ao DCM sobre o ataque de Sergio Moro (Podemos) ao Grupo Prerrogativas na Veja.

LEIA MAIS:

1 – Mandetta marca reunião com Moro e quer ser seu vice

2 – VÍDEO: Entrevistado diz “fora Bolsonaro” no programa de Fátima Bernardes

3 – VÍDEO aéreo mostra como o deslizamento de terra destruiu o casarão em Ouro Preto

Kakay fala de Moro

“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”

Clarice Lispector

Há algum tempo venho escrevendo sobre a verdadeira simbiose que existe entre Moro e Bolsonaro. Destaco que a única fala verdadeira da “conja” foi quando ela declarou, num rasgo de sinceridade, que o Moro e o Bolsonaro eram a mesma pessoa. Até os apelidei de Bolsomoro ou Moronaro.

Parece muito claro que o maior caso recente de corrupção foi o Moro aceitar o cargo de Ministro da Justiça no governo Bolsonaro – do qual ele foi o principal eleitor- em contrapartida da prisão que ele, Moro, efetuou do principal adversário do Bolsonaro. E , o mais espantoso, o acordo foi feito enquanto o juiz ainda ostentava a toga nos ombros. Um acinte. O leigo acha que o crime de corrupção só ocorre quando a autoridade aceita dinheiro. Tecnicamente o que vale é aceitar um benefício e, convenhamos, um Ministério como o da Justiça vale muito…

Agora, que depois de uma briga de quadrilha, o Moro saiu do governo Bolsonaro para tentar a representação popular, que ele, por sinal, tentou destruir enquanto juiz criminalizando a política, estamos nos defrontando com algo que outra vez une umbilicalmente os dois fascistas.

Os jornais e revistas de hoje mostram longas manifestações dos dois atacando o Supremo e a advocacia. Ou seja, se insurgindo contra o sistema de justiça que eles ajudaram a corromper.

A agressividade vulgar, que já é marca do Presidente da República, contra o Supremo e, especialmente os Ministros Barroso e Alexandre, é, claramente, um crime de responsabilidade. O Presidente de um poder atacar de maneira vil outro Poder desestabiliza o necessário equilíbrio institucional. É necessário fazer uma leitura da real gravidade de atos como este. Foi exatamente nestes ataques , lá em 2019, que o Supremo Tribunal, de maneira correta é corajosa, se apegou para abrir a investigação conhecida como “inquérito das fake news” e que , tenho certeza, impediu o aprofundamento de uma ruptura institucional. A história há de contar este episódio.

Da mesma maneira o tal juiz vem a público mostrar sua face ao criticar grosseiramente o Supremo pelo fato simples da Corte ter aplicado a Constituição e ter feito o óbvio: considerou o juiz parcial e incompetente. Ele agora posa de vítima como estratégia de campanha. As pessoas tem que entender a gravidade que é um juiz ser parcial. É algo desonesto e que diminui o Poder Judiciário.

Esqueçamos a política. Imagine que num domingo o brasileiro está esperando a final do campeonato brasileiro. No sábado à noite vaza mensagens do juiz com o técnico do outro time instruindo: “manda seu jogador cair na área que eu marco pênalti”. E mais, juiz, bandeirinha e juízes do War combinando anular qualquer gol contra seu time. Isto foi o que aconteceu com o Moro.

E agora a estratégia vem também atacar a advocacia livre e independente. O Moro elegeu criticar um grupo de advogados, intelectuais, professores, defensores públicos, enfim, um grupo de WhatsApp que tem como meta defender a Constituição e o estado democrático de direito. O grupo Prerrogativas, que não é partidário, não se omitiu e não se escondeu na comodidade do silêncio no momento em que foi preciso enfrentar os abusos seja do Bolsonaro, seja do Moro ou dos procuradores.

O ataque orquestrado contra o Judiciário, os advogados e o grupo Prerrogativas demonstra que estamos do lado certo. E que seguiremos em defesa da estabilidade democrática.

Sempre me miro em Cecília Meireles:

”Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.”

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link