Cresce abismo educacional entre alunos brancos e negros no Brasil, diz estudo do Insper

Atualizado em 2 de julho de 2023 às 11:41
Alunos na sala de aula
Foto: Getty/Reprodução

 

O ensino fundamental público brasileiro registrou uma melhora nos indicadores de aprendizado nos últimos anos, porém, essa melhora não foi igual para todos os alunos. Infelizmente, esse avanço veio acompanhado de um aumento nas desigualdades entre alunos negros e brancos, com agravamentos específicos em determinadas regiões.

Um estudo realizado pelo Insper, com base nos resultados do Saeb, a avaliação federal da educação básica, revelou que, apesar da leve melhora no desempenho geral dos estudantes, meninas e meninos pretos estão enfrentando uma desvantagem ainda mais acentuada.

O estudo considerou os resultados das provas de português e matemática realizadas pelos alunos ao final dos anos iniciais (1º ao 5º ano) e dos anos finais (6º ao 9º) do ensino fundamental. A análise abrangeu o período de 2007 a 2019, anterior à pandemia.

Em relação à disciplina de matemática, um exemplo evidencia essa desigualdade. Em 2007, os meninos brancos tinham uma vantagem de 9,1 pontos sobre as meninas negras (considerando aquelas que se autodeclararam pretas ou pardas). No entanto, em 2017, essa diferença aumentou para 13 pontos.

Sala de aula. Getty Images

No 9º ano, a diferença entre meninos brancos e meninas negras era de 21,3 pontos em 2007 e aumentou para 23,4 pontos em 2017, conforme os dados do estudo, que realizou ponderações estatísticas nos resultados do Saeb para garantir comparações precisas.

Estudantes pretos, por sua vez, têm ficado cada vez mais atrás na comparação com alunos brancos e pardos. Ao final do ensino fundamental, no 9º ano, a média das notas dos meninos pretos ficava 16,6 pontos abaixo das meninas pardas em 2007. Essa diferença aumentou para 20,5 pontos em 2017. Ao comparar com as meninas brancas, a disparidade passou de 28 para 32,4 pontos.

No que diz respeito à disciplina de matemática, são as meninas pretas que enfrentam as maiores desvantagens. Em 2007, a média das notas delas era 14,6 pontos inferior à dos meninos pardos e 25,9 pontos abaixo da nota dos meninos brancos. Dez anos depois, os resultados do Saeb mostram que a diferença entre as meninas pretas e os meninos pardos aumentou para 20,3 pontos, e em relação aos meninos brancos, a diferença alcançou 30,2 pontos.

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