O homem acusado do massacre em uma mesquita no distrito de Christchurch, na Nova Zelândia, citou o Brasil no longo texto que escreveu para chamar a atenção para sua causa racista.
Na parte em que o terrorista faz críticas à diversidade racial, escreve:
“O Brasil, com toda a sua diversidade racial, está completamente fraturado como nação, onde as pessoas não se dão umas com as outras e sempre que possível se separam e se segregam”.
O atirador se descreve como um “etnonacionalista” que se inspirou em ataques cometidos por extremistas de direita, como o norueguês Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas em 2011 motivado pelo ódio ao multiculturalismo.
Ele apoia o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “como um símbolo da identidade branca renovada e pelo objetivo comum”.
A opinião do atirador sobre o Brasil é um reflexo da imagem projetada pelas manifestações pró-impeachment e pela eleição de Jair Bolsonaro.
Se esse criminoso vivesse aqui, alguém tem dúvida de que ele vestiria camisa amarela da Seleção Brasileira e iria para as manifestações?
Certamente, tiraria foto com policiais militares e pediria intervenção das Forças Armadas.
Como se pode concluir lendo seu texto, ele se move pelo ódio, o mesmo combustível que levou milhões a ofender Dilma e a produzir seres humanos como uma garotinha brasileira que aparece em vídeo postado nas redes sociais, por ocasião do primeiro ano da morte de Marielle.
Diz ela, no vídeo que viralizou:
“Estou aqui para fazer um vídeo feliz sobre uma data feliz. Hoje é 14 de março. Há um ano atrás, Marielle morreu. E por que é uma data feliz? Bem, porque ela morreu. Simples. Não tem porque ficar explicando. Como diz Daniel Fraga, não se deve desejar o bem a todas as pessoas. Não, eu desejo o mal a pessoas nojentas, pessoas tóxicas como ela. Assim como eu desejo o mal ao Lula. Que o câncer do Lula volte com toda a força e ele MORRA (a ênfase é dele)”, diz o menino (ou menina), com aparência de 13 anos de idade, no máximo.
Branca, pele caucasiana, cabelos longos, é cria do movimento de ódio que ganhou espaço no Brasil e chegou ao conhecimento do terrorista australiano.
A pré-adolescente diz que fez o vídeo depois de ver em um canal do YouTube um apresentador lamentar a morte de Marielle.
Diz a jovenzinha, cujo vídeo, por razões legais, o DCM não vai mostrar:
“Isso é terrível. Isso é confundir uma pessoa, um ser humano, um indivíduo com um estatista, um ser desprezível. Você não pode confundi-los. Se parecem? Se parecem… Só que existe uma imensidão, uma muralha de diferença. E não existe nada para chorar, não existe nenhuma lágrima a derramar, não existe nada de triste. Malditos, três vezes malditos sejam aqueles que lamentam a morte de uma pessoa tão tóxica, tão ruim quanto um estatista como Marielle Franco.
Segua ela:
“E, bem, acharam esses dias os culpados (faz gesto com os dedos como quem coloca aspas na palavra) (…) Se eu pudesse dar uma punição para eles, eu daria a seguinte punição: um aperto de mão, agradecimentos e um McDonald’s pago, para eles poderem irem lá comer e relaxar”.
Por fim, repete que não existe nada a se lamentar. “Eu poderia gritar a plenos pulmões como estou feliz por essa data, como estou feliz pelo que aconteceu há um ano atrás. Ah, gerou um pouquinho mais de popularidade para a esquerda? Gerou, mas fazer o quê? Você vai deixar de agir porque o inimigo vai ganhar popularidade? Esta é uma péssima estratégia”.
“Alguns coisas dão tanta popularidade que não valem a pena, mas, nesse caso (o assassinato de Marielle) valeu a pena sim, e foda-se. E, bem, viva a morte de Marielle. Que bom que ela morreu, que ela não está viva, e isso é algo muito bom. Bye, bye, pessoas, por esse vídeo, e feliz dia da morte da miserável”, conclui.
Não há informação detalhada sobre quem seria essa pré-adolescente. Pelo que diz, tem alguma relação com um movimento conhecido como ANCAP – Anarco Capitalismo.
Na verdade, depois de publicado o texto, soube de quem se trata, mas não registrarei o nome dela aqui.
Não é possível saber se a ela poderia ser imputado algum crime.
Se tiver mesmo 13 anos no máximo, é inimputável. Mas seus pais deveriam ser chamados a um juizado, para que fiquem atentos ao que faz a jovenzinha.
Ela é fruto de quem semeou o ódio, não há dúvida.
Seu vídeo indica um comportamento que, se não houver uma ação educativa, resultará em uma adulta altamente perigosa.
Muitas pessoas, seja no Brasil ou fora daqui, estão precisando de lições de democracia, para aprender a conviver com a diversidade.
Infelizmente, no país, o mau exemplo é disseminado pelo primeiro mandatário.