Um incidente em Khan Younis, na Faixa de Gaza, resultou na morte de um menino palestino de apenas 3 anos. O garoto, identificado como Sami, foi atingido por um pacote de ajuda humanitária lançado do ar enquanto sua família tomava café da manhã no último sábado. O avô da criança, Ayyad, relatou que a família tentava se proteger em tendas improvisadas quando o pacote caiu, matando o neto instantaneamente e ferindo uma tia e um primo.
Ele descreveu o momento de horror: “Eu estava sentado aqui com o menino, e no momento em que o deixei… o pacote caiu sobre ele”, descreveu. “Houve apenas um segundo entre eu e ele. Eu o peguei e comecei a correr. Não temos hospitais. Eu corri como louco, mas o menino morreu instantaneamente. Eu não consegui salvá-lo. O sangue começou a sair do nariz e da boca dele”.
De acordo com a agência israelense que controla o fluxo de ajuda para Gaza, os Emirados Árabes Unidos lançaram 81 pacotes de comida em Khan Younis no mesmo dia, totalizando mais de 10 mil pacotes enviados nos últimos meses.
No entanto, Ayyad expressou o desespero da população, afirmando: “Não queremos ajuda. Queremos dignidade”, disse ele. “Chega de humilhação e insulto que estamos recebendo dos árabes, não apenas dos israelenses. Aqueles que não têm misericórdia de nós, olhem para nossas crianças, nossas mulheres, nossos idosos”.
Organizações de direitos humanos criticam a abordagem dos lançamentos aéreos de ajuda humanitária, considerando-a ineficaz para enfrentar a crise sem precedentes no enclave palestino. As entidades pedem a Israel que alivie o controle para a realização de travessias terrestres.
Antes da guerra, cerca de 500 caminhões de ajuda humanitária entravam diariamente em Gaza, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). A ONU alertou na semana passada que a população da Faixa de Gaza enfrenta as piores restrições à ajuda humanitária desde o início do conflito, com um impacto devastador, especialmente sobre as crianças.
James Elder, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), afirmou: “A quantidade de ajuda humanitária que foi enviada em agosto à Faixa de Gaza foi a mais baixa em um mês desde quando estourou a guerra”.
Desde maio, os pontos de entrada de ajuda foram sistematicamente bloqueados, e o norte da Faixa não recebeu alimentos nem ajuda humanitária durante todo o mês de outubro. Com isso, cerca de 345 mil habitantes de Gaza enfrentarão níveis “catastróficos” de insegurança alimentar neste inverno, segundo a ONU.
O Ministério da Saúde de Gaza informou que, até agora, aproximadamente 42 mil pessoas perderam a vida devido à guerra, sendo cerca de 16,5 mil crianças. Recentemente, o ministério divulgou um relatório detalhando os nomes das vítimas desde outubro de 2023, com os primeiros nomes na lista, todos de crianças com menos de um ano de idade.
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