Crianças e adolescentes negras representam 13% da população total do Brasil, mas cerca de 40% das vítimas de estupro registrados no país. A taxa mostra que existe o dobro da incidência em comparação com meninas brancas, segundo levantamento feito pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper.
O relatório usa números do Sistema Nacional de Atendimento Médico, do Ministério da Saúde, e ainda aponta que 6 de cada 10 registros de estupro no país envolvem vítimas com menos de 18 anos. A proporção de mulheres pretas e pardas tem aumentado nos últimos anos em todas as faixas etárias.
Em 2010, primeiro ano analisado pelos pesquisadores, 30% das vítimas eram crianças e adolescentes negras. 12 anos depois, em 2022 (último ano no relatório), o número saltou para 40%. Meninas brancas são 20% das vítimas (2 em cada 10).
O número total de casos notificados envolvendo vítimas negras também cresceu no período, ultrapassando outros grupos. O total de registros do crime no Brasil passou de 7.617 em 2010 para 39.661 em 2022.
A maior parte das vítimas do crime tem entre 11 e 17 anos. Elas representam 39,2% do total. Nos casos que envolvem crianças e adolescentes, pelo menos metade (50%) tem como agressor uma pessoa do círculo de convívio familiar.
Além dos crimes de estupro, mulheres pretas também correspondem a 68,61% dos casos de mulheres assassinadas em 2021 e em casos de assédio sexual, são 58,93% do total.
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