Envolvido em uma série de controvérsias e questões judiciais, o empresário bolsonarista Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, enfrenta múltiplas investigações e processos legais. Seu nome está associado a investigações criminais, processos na Justiça Eleitoral e acusações relacionadas ao não cumprimento de promessas.
Em 2005, Marçal foi preso temporariamente, aos 18 anos, durante uma investigação sobre o desvio de dinheiro de contas bancárias por criminosos. Mais tarde, em 2010, ele recebeu uma condenação de quatro anos e cinco meses por furto qualificado. No entanto, a pena não foi cumprida devido à prescrição do caso, que ocorreu em razão da demora do tribunal. Marçal não comentou sobre essa situação quando procurado.
Atualmente, o simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está sob investigação pela Polícia Federal e pela Polícia Civil de Piquete (SP), e enfrenta 22 ações na Justiça Eleitoral, conforme informações do Estadão. Confira:
Lavagem de Dinheiro
Marçal está sob investigação pela Polícia Federal (PF) por supostos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro relacionados à sua candidatura presidencial em 2022.
A PF suspeita que Marçal e seu sócio, Marcos Oliveira, tenham feito doações no valor de R$ 1,7 milhão à campanha e posteriormente utilizado esses fundos para pagar serviços de suas próprias empresas. O caso está sendo conduzido em sigilo.
A candidatura de Marçal ao Planalto foi interrompida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido a disputas internas no PROS, partido ao qual ele estava filiado.
Após essa tentativa frustrada, Marçal tentou concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, mas teve seu registro de candidatura indeferido. Em julho do ano passado, a PF realizou buscas na residência de Marçal. Em resposta, o empresário alegou nas redes sociais ser alvo de “perseguição política”.
Homicídio Privilegiado Tentado
Marçal também está sendo investigado pela Polícia Civil por colocar em risco a vida de 32 pessoas durante uma expedição ao Pico dos Marins, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, em janeiro de 2022. O grupo liderado por Marçal foi resgatado pelos bombeiros após enfrentar condições meteorológicas adversas, apesar dos alertas emitidos pela Defesa Civil.
O bolsonarista, no entanto, declarou que não havia ordenado a subida da montanha e que cada participante era responsável por suas próprias decisões. Ele tentou, sem sucesso, impedir o andamento do inquérito conduzido em Piquete (SP), a 208 quilômetros de São Paulo.
Descumprimento de Medida Judicial
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) foi autorizado pela Justiça, no final de junho, a investigar se Marçal violou uma medida cautelar que lhe proibia de realizar atividades externas na natureza sem a devida autorização dos órgãos competentes. Essa restrição foi imposta após o incidente no Pico dos Marins.
Mesmo com a restrição, em maio deste ano, Marçal participou de um reality show chamado “La Casa Digital”, que ele mesmo criou para oferecer mentoria em marketing digital. Um participante do programa relatou ao portal jurídico Migalhas ter enfrentado desrespeito e maus-tratos, incluindo “treinamentos físicos intensos”.
A investigação está sendo conduzida pela Delegacia de Polícia de Itu, em São Paulo, e também inclui Rafael Francelli e Marcos Antônio Fergutz, que foram co-organizadores do programa.
R$ 51 Milhões por Descumprimento de Promessa
O ex-coach também está sendo processado na Justiça por não cumprir uma promessa feita durante uma entrevista ao programa “Pânico” da Jovem Pan. Na ocasião, ele ofereceu US$ 1 milhão a quem encontrasse um processo movido por ele, seja contra pessoas físicas ou jurídicas.
Um advogado encontrou nove processos e um habeas corpus relacionados a Marçal e agora busca cerca de R$ 51 milhões em indenização. Em resposta, Marçal desqualificou a ação, chamando o advogado de “ápice do fracassado” e afirmou que não pretende negociar ou chegar a um acordo. O caso está sendo julgado na 2ª Vara Cível de Barueri.
Ação no TSE Pode Impactar Candidatura de Marçal
Outra preocupação para Marçal vem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma ação movida por Aldineia Fidelix, viúva do ex-presidente do PRTB, Levy Fidelix, alega que o atual presidente da sigla, Leonardo Avalanche, desrespeitou um acordo feito em fevereiro para a divisão de poder no partido após a morte de Levy.
A ação acusa Avalanche de manter uma comissão provisória que endossou Marçal como candidato, o que pode ser revogado se a viúva vencer o processo. A ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, pediu um parecer do Ministério Público Eleitoral e concedeu três dias para Avalanche se manifestar.
Acusações Contra Avalanche no TSE
Além disso, Leonardo Avalanche enfrenta outra ação no TSE, movida por uma facção interna do partido, que o acusa de filiar 77 adversários em outros partidos para evitar oposição, vender candidaturas e ameaçar uma mulher. As acusações foram apresentadas por membros do partido que pedem sua destituição.
Processos na Justiça Eleitoral
Marçal está enfrentando um total de 21 processos na Justiça Eleitoral, que incluem representações, notícias-crime, pedidos de direito de resposta, cumprimento provisório de sentença e investigações. Desses, 15 foram movidos por Guilherme Boulos (PSOL) ou sua coligação.
Um desses processos resultou em uma decisão liminar que bloqueia os perfis de Marçal nas redes sociais, conforme solicitado pela campanha de Tabata Amaral (PSB).
Processos na Justiça Comum
Além das questões eleitorais, Marçal responde a oito processos na Justiça comum, sendo sete na Justiça paulista e um no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Este último processo foi movido pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), que busca indenização por danos morais. Seis dos processos envolvem alegações de danos morais causados por Marçal.