Crise humanitária: 610 mil palestinos ficam sem água após ataques de Israel, diz ONU

Atualizado em 10 de outubro de 2023 às 9:22
Cratera formada em rua na Faixa de Gaza após ataques de Israel. (Imagem: REUTERS/Mohammed Salem)

Os ataques aéreos conduzidos pelas forças militares israelenses na Faixa de Gaza resultaram na destruição de aproximadamente 5,3 mil edifícios, incluindo 790 residências completamente arrasadas. Essa série de ataques deixou cerca de 610 mil pessoas sem acesso a água potável e saneamento básico, com um total de 187 mil indivíduos desabrigados.

Os dados em questão foram divulgados pelo Escritório de Coordenação Humanitária da ONU (OCHA) nesta terça-feira (10), de acordo com informações da coluna de Jamil Chade, no Uol. A organização expressou preocupação com a iminência de escassez de água potável e denunciou as mortes de crianças.

Muitos dos desabrigados estão sendo alocados nas mais de 80 instalações da ONU. Além das condições já citados, os sobreviventes ainda passam por um racionamento de recursos, à exemplo do fornecimento de energia elétrica na região, que opera apenas por um período de três a quatro horas por dia.

Para a ONU, a atual situação se caracteriza como uma potencial “punição coletiva” imposta por Israel, o que é proibido pelo direito internacional, a menos que os alvos e as estratégias sejam de natureza militar.

Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), 13 centros de saúde em Gaza foram atingidos pelos ataques israelenses, resultando na destruição de nove ambulâncias e na morte de seis profissionais de saúde. Os estoques de medicamentos nos hospitais esgotaram, e as instalações médicas estão sobrecarregadas.

Nas redes, circulam vídeos que exibem bombardeios que são realizados próximos a hospitais:

Além disso, 18 prédios da ONU foram atingidos em Gaza, aumentando o temor de que a resposta de Israel à região, que abriga 2,2 milhões de habitantes, possa desencadear uma crise humanitária sem precedentes.

Palestino reage próximo às ruínas de uma casa destruída pelos ataques israelenses em Khan Younis, em 8 de outubro de 2023 — Foto: Ibraheem Abu Mustafa / Reuters

Até a noite da última segunda-feira (9), relatórios israelenses indicam que mais de 900 israelenses, incluindo estrangeiros, foram mortos. Pelo menos 2.616 pessoas ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde de Israel.

Enquanto isso, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, pelo menos 687 palestinos foram mortos e 3.800 ficaram feridos. Outros 17 palestinos, incluindo quatro crianças, foram mortos e 295 ficaram feridos na Cisjordânia.

Os ataques israelenses fazem parte de uma contraofensiva liderada pelo governo de Benjamin Netanyahu, que comparou a ofensiva do Hamas no sábado ao 11 de Setembro, fazendo alusão aos ataques terroristas nos Estados Unidos.

O governo israelense afirmou que “nada será como antes”, sinalizando uma possível ofensiva em toda a Faixa de Gaza, onde o Hamas teria poucos lugares para se esconder.

A ONU criticou o cerco imposto por Israel a Gaza e os ataques ao território palestino, alertando que a resposta militar não deve resultar na morte de civis. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu que todas as operações militares sejam conduzidas de acordo com o direito humanitário internacional, com respeito aos civis e à infraestrutura civil.

Guterres também destacou o aumento do discurso de ódio e incitação à violência na região, alertando que a vingança não é a resposta e que a polarização só prejudica os civis inocentes. Ele enfatizou a necessidade de encontrar soluções que respeitem o direito humanitário internacional e os direitos humanos internacionais.

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