O governo Lula (PT) acusou formalmente a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de ignorar alertas de socorro e se esforçar em ações contra os povos indígenas Yanomamis, que enfrentam uma grave crise humanitária. A informação é do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
O documento foi assinado em abril pelo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, com menções à gestão da agora senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos) à frente da pasta.
“A gestão anterior [Jair Bolsonaro] não realizou visitas in loco ou qualquer outra forma de oitiva da sociedade civil interessada, menos ainda com a intenção de apreciar as denúncias de violência e conflitos vivenciados no território Yanomami, reforçando seu empenho em privilegiar a atividade econômica ilegal sobre os direitos indígenas”, escreveu o ministro Silvio Almeida no relatório.
Para o ministro, tratou-se de uma política “de conivência e incentivo ao estado de calamidade e abusos sociais, culturais e ambientais que conduziram às violações de direitos humanos”. Ele se referiu a todos os quatro anos do ministério sob o governo do ex-capitão.
Vale destacar que a gestão bolsonarista foi acusada de irregularidades em pelo menos 22 medidas. Entre elas estão: rejeição a alertas das Nações Unidas e do Ministério Público Federal; recusa em responder a ações judiciais que tratavam dos Yanomami; suspensão de proteção policial a lideranças Yanomamis; envio de cestas básicas inadequadas; e renúncia em enviar leitos de UTI e materiais de limpeza aos indígenas durante a fase aguda da pandemia.
Damares, por sua vez, disse que duas comissões do Senado não constataram qualquer irregularidade por seu trabalho à frente do ministério em relação aos Yanomamis. A bolsonarista também afirmou que a desnutrição entre crianças indígenas é um “dilema histórico”.
“O ministério enviou ofícios aos órgãos responsáveis para solicitar atuação e recebeu relatórios das equipes técnicas. Representantes da pasta estiveram ‘in loco’ inúmeras vezes para levantar informações. No auge da pandemia foram distribuídas cestas básicas. Os antigos ministros e o atual ministro de Direitos Humanos também vão responder por essas mortes ou só a Damares tem que dar explicações?”, disse Damares.