A lama tóxica de Cunha sobre o impeachment não poupou os autores do pedido, especialmente o jurista Miguel Reale Jr. (os outros dois, mais famosos, são Hélio Bicudo e a celebridade de passeata doutora Janaína Paschoal).
Reale abriu o jogo na noite em que Cunha praticou seu ato de vingança porca, colocando um ponto final em meses de chantagem (com a conivência do PT, aliás).
“O Cunha acaba escrevendo certo por linhas tortas porque ele usou o impeachment o tempo todo como instrumento de barganha”, disse Reale.
Prosseguiu: “No momento em que ele está no desespero, diante da inevitável derrota no Conselho de Ética, ele joga o impeachment como areia nos olhos da nação sobre a sua situação. Ele acabou aceitando o impeachment por razões não corretas”.
Reale está admitindo uma vitória de Pirro — ou, em última análise, uma jogada indecente, uma cafajestada, uma desonestidade em nome do vale tudo.
É correto então “jogar areia nos olhos da nação”? Ele conhece a resposta. Reale tem a noção clara de que o processo sai maculado pela motivação torpe de um deputado que é uma vergonha para o Brasil.
Um ladravaz, pilhado com sua mulher com contas na Suíça, sequestrou um país nas costas de um governo fraco, com o apoio do PSDB e das milícias de idiotas úteis que se orgulham de ter um herói como ele.
Para apoiar um canalha que “joga areia nos olhos da nação” e usa “razões não corretas” é preciso ser igual a ele. Miguel Reale Jr. tem ciência disso.
Desde que recebeu o documento do trio Reale/Bicudo/Paschoal em setembro, Cunha sentou-se em cima dele. Alegou todo tipo de problemas técnicos, fez o que quis, barganhou — até tirar o negócio da cartola por causa de uma revanche. É muita humilhação para os autores da denúncia.
Cunha emporcalhou o golpe.