Publicado originalmente no perfil de Luis F. Miguel no Facebook
O bolsonarista que plantou uma bomba perto do aeroporto de Brasília tinha em casa outros explosivos e um arsenal de armas de fogo, incluindo um fuzil.
Diante disso, já dá para classificar o bolsonarismo como movimento terrorista?
A resposta é sim.
O cidadão preso ontem participava dos atos na frente do QG do Exército. Agiu sozinho? Talvez.
Mas sua ação foi resultado da agitação prolongada – e amplamente financiada – desde o segundo turno das eleições. E do incentivo dos líderes do bolsonarismo, a começar pelo próprio Jair, que não abandonam o discurso de que “vale tudo” para evitar o mal maior, isto é, a posse de Lula.
Do conforto de suas residências em Miami, influenciadores extremistas como Constantino e Paulo Figueiredo pregam abertamente um golpe ou mesmo uma guerra civil no Brasil. Parlamentares como Kicis e Zambelli fazem o mesmo. E o presidente da República sinaliza, por meio do silêncio ou de palavras, que “ainda há esperança” de virar a mesa.
Eles sabem que estado de espírito estão alimentando na massa de seguidores. São os mentores intelectuais do terrorista preso.
Não é o radicalismo pueril e inócuo de algum anarquista de boteco. É a busca deliberada por uma reação previsível dos indivíduos mais desequilibrados no gado bolsonarista (e eles são muitos).
Em nome de uma compreensão abstrata da liberdade de expressão, é protegido o incentivo à violência e à subversão do regime democrático, com consequências imediatas.
Jovem Pan, parlamentares da tropa de choque bolsonarista, os financiadores dos acampamentos, Jair e sua família chefiam, na prática, uma organização potencialmente terrorista, de funcionamento descentralizado.
Não há ingenuidade. Sabem o que estão fazendo. Precisam ser responsabilizados. E da franja menos extremista do bolsonarismo é preciso exigir um repúdio expresso e incondicional a esta estratégia.