Deltan Dallagnol, o Wesley Safadão da Lava Jato, deu mais uma entrevista chapa branca, desta vez ao Correio Braziliense.
Como ele tem medo de errar, respondeu por e-mail.
Ou melhor, fingiu responder, apelando para os cacoetes de sempre, com evasivas, desconversas e frases acacianas.
“Cada mensagem está num contexto maior que envolve discussões mais amplas sobre o assunto, inclusive em conversas presenciais, conhecimento sobre o conteúdo das investigações, inclusive sigilosas, interpretações de nosso sistema jurídico e pressupostos implícitos de quem se conhece há anos, como o de que todos do grupo só agiriam de modo correto”, disse.
Embromation.
Deltan, que chamou Lula de “9” por causa do defeito físico e tripudiou com sua “força tarefa” sobre o luto do ex-presidente e a morte de seus parentes, é incapaz de pedir perdão pela schadenfreude.
A repórter Ana Dubeux perguntou se a procuradora Jerusa Viecili agiu corretamente ao se retratar.
“Ela se recorda de ter se manifestado naqueles termos; então, é uma escolha pessoal, legítima e nobre”, diz Dallagnol.
Não é a dele, claro.
“Sobre o ex-presidente Lula e o processo dele, a força-tarefa se manifestou nos autos e o caso passou por todas as instâncias do Judiciário, inclusive pelo STF”.
Sobre o chat que mantinha com diálogos internos e reflexões imbecis, comparando-se a Jesus Cristo, ele explica que “foi uma opção pessoal para guardar algumas reflexões íntimas, como se fosse um bloco de notas.”
Assim Deltan se dirigiu a Deltan:
Tenho apenas 37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado. Apesar de em 2022 ter renovação de só uma vaga e de ser Álvaro Dias, se for para ser, será. Posso traçar plano focado em fazer mudanças e que pode acabar tendo como efeito manter essa porta aberta.
Sua intenção de ser senador tinha “caráter republicano” e essa avaliação era “guiada, inclusive, por princípios cristãos”. Lembra que “o futuro a Deus pertence”.
Não explicou por que se recusou a ir ao Congresso dar explicações e ainda usou o exemplo de Moro.
“O trabalho da força-tarefa é técnico e jurídico. O Congresso desempenha um papel fundamental em nossa democracia, mas é um palco político. Vimos como foi com o ministro Sergio Moro”, afirma.
Assim Deltan ser resume: “Não buscamos glória ou poder. Nunca ultrapassamos a linha da lei e da ética. Nunca pretendemos ser heróis nem buscamos esse título.”
Eu insisto que esse homem é um caso de psicopatologia, muito mais que criminal.
Pelo menos ele trocou o ileísmo, o vício de se referir a si próprio na terceira pessoa, pelo plural majestático.