Dallagnol criou fundo em 2017 para indenizar Lula, mostram mensagens — e ainda assim faturou com PIX

Atualizado em 30 de março de 2022 às 20:49
Ex-procurador afirmou que crise econômica é fruto de políticas dos governos do PT. Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O ex-coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol criou um fundo com dinheiro de palestras para pagar possíveis indenizações a Lula, mostram mensagens publicadas pela Veja.

Os diálogos, apresentados pela defesa de Lula ao STF, remontam a um período imediatamente posterior à apresentação do famoso Powerpoint picareta. A defesa do ex-presidente havia protocolado uma ação por danos morais contra o procurador. 

Dallagnol foi condenado na semana passada pelo STJ a pagar 75 mil reais ao ex-presidente. Ele declarou ter cancelado a chave PIX após arrematar 575 mil reais em doações em 12.740 transferências.

As conversas no Telegram, obtidas pela Polícia Federal no bojo da Operação Spoofing, mostram o esforço de Dallagnol para manter tudo na surdina.

“Cá entre nós (não conte nem pra sombra rs), o fundo é um meio de nos protegermos contra as ações de indenização que vieram/virão”, disse em 2017. “A questão é a do fundo. Como manter intacto por mais de dez anos sem reconhecer que é pra ação e, com isso, ser uma espécie de confissão de culpa?”.

Em janeiro daquele ano, ele trocou ideias com um interlocutor: “A questão é: todas as finalidades que não quero declarar expressamente (custeio da ação do Lula contra mim e eventual plano de futuro em off) estão abrangidos no texto, a seu ver?”

Ele conclui: “Imagina eu ser condenado na ação do Lula a 1,5 milhão? não dá pra confiar que daqui a 15 anos o povo vai fazer um crowdfunding.”

Dallagnol ainda pergunta a Roberto Leonel, ex-auditor da Receita Federal, como “fazer um fundo de reserva a partir das palestras (o valor estava sendo doado diretamente pelas empresas para o Erasto Gaertner)”. 

O Hospital Erasto Gaertner é um hospital de Curitiba especializado no tratamento de câncer.

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Um jurista ouvido pelo DCM comentou o caso: 

“Desde que a ação de indenização sobre o Powerpoint foi protocolada, Dallagnol sabia que seria condenado. Ele tinha consciência da ilicitude praticada. Tanto é que desde aquela época tramou constituir um fundo – que ele pedia para não ser divulgado. Teve a assessoria tributária do chefe da Receita da época. Ou seja, ao que tudo indica, já tinha recursos para pagar o valor total da indenização. Mas após ser condenado, deixou as pessoas doarem dinheiro, sem dizer nada a elas”.

Expert no assunto, Deltan Dallagnol tentou criar um fundo com 2,5 bilhões de reais da Petrobras, que seriam depositados em uma conta vinculada à 13ª Vara Federal de Curitiba e seriam geridos por uma fundação controlada pelo MPF. Deu com os burros n’água.

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