O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) negou que tenha se esquivado de ser notificado formalmente pela corregedoria da Câmara sobre a cassação de seu mandato na semana passada. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na última terça-feira (23).
A corregedoria da Casa tentou notificar o parlamentar pessoalmente sobre o processo três vezes. No entanto, após as investidas frustradas, o aviso foi publicado no Diário Oficial do Legislativo, seguindo o protocolo da Câmara.
Deltan defendeu que seu caso vem sendo tratado de forma diferente tanto no Judiciário quanto na Câmara. Ele ainda disse que teria havido um desencontro nas agendas do parlamentar e do corregedor da Câmara, o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE).
“Na segunda-feira, quando eu estava em reuniões partidárias em Curitiba, os servidores da corregedoria vieram realizar a terceira notificação. Algo que foge ao padrão da Casa, segundo informado pela própria servidora da corregedoria que veio aqui”, disse Dallagnol.
“E a questão que se coloca é: por que o meu caso está sendo tratado de um modo diferente, no Judiciário e aqui na Câmara dos Deputados? E a resposta todo mundo sabe qual é.”
O ex-procurador federal também voltou a denunciar, sem provas, que houve combinação de voto entre os magistrados, que, segundo o parlamentar, estariam de olho nas vagas que vão abrir no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Uma decisão uniforme quando existe toda uma unanimidade em contrário, em 66 segundos, faz com que a conclusão seja aquela para a qual apontou o ministro Marco Aurélio Mello: essa decisão foi combinada. Ela foi combinada e guiada por interesses”, afirmou.
Deltan também fez duras críticas ao relator do processo, ministro Benedito Gonçalves, e disse que os demais magistrados do TSE “entregaram sua cabeça” por vaga no STF: “O ministro condutor do voto trouxe um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura ao Supremo”.