Deltan Dallagnol deveria ser preso.
Em não sendo preso, deveria se demitir.
Em não se demitindo, deveria ser demitido.
Fosse ele o que diz ser, nas redes sociais e na igreja que frequenta, pediria para sair.
Era o mínimo.
A coluna de Mônica Bergamo na Folha traz mensagens entre ele e o colega Athayde Ribeiro Costa, extraídas do Intercept.
O coordenador da “força tarefa” tentava encomendar uma operação de busca e apreensão contra o então senador eleito pela Bahia, Jaques Wagner, sem nenhuma motivação senão a política.
O problema era que, com mandato, o ex-governador passaria à jurisdição do STF:
“Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”(…) só podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”.
Mais: ”Se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”.
De acordo com DD, “seria bom demais” Wagner “aparecer forte” em outro caso.
Dallagnol também aparece nas conversas em que os lavajatistas criticam pesadamente o então juiz Sergio Moro pela decisão de embarcar no governo Bolsonaro.
“Jan, não sei qual sua posição sobre a saída do Moro pro MJ, mas temos uma preocupação sobre alegações de parcialidade que virão. Não acredito que tenham fundamento, mas tenho medo do corpo que isso possa tomar na opinião pública”, diz.
“Na minha perspectiva pessoal, hoje, Moro e LJ estão intimamente vinculados no imaginário social, então defender o Moro é defender a LJ e vice-versa”.
Tudo uma coisa só. Nem conluio define. Conúbio talvez seja mais exato.
Defender Moro e a LJ a qualquer custo, inclusive da demolição do estado de direito.
Nunca se tratou de Justiça, fica claro.
Deltan, Moro e cia. tocavam uma operação política, um projeto de poder entranhado no “imaginário social”.
Uma fraude completa.
Essa gente precisa pagar por isso — em nome da democracia que eles tentaram destruir.
É muito mais que um questão simbólica.