Daniel Ortega critica posição de Lula sobre a Venezuela: “Você está se rebaixando”

Atualizado em 26 de agosto de 2024 às 23:23
Lula e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, próximos, se olhando, sérios
Lula e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega – Reprodução

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, fez críticas contundentes ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro, devido as suas posturas em relação à eleição presidencial na Venezuela. Durante uma cúpula virtual de líderes do ALBA-TCP, o líder político expressou seu descontentamento com as declarações do brasileiro e do colombiano sobre a situação venezuelana.

Ortega não poupou palavras ao comentar a atitude de Lula, afirmando que o petista está “se rebaixando” ao adotar um discurso alinhado com os interesses dos “ianques” e governos europeus: “Lula, se você quiser que o povo bolivariano o respeite, respeita a vitória do presidente Nicolás Maduro, e não fique ali, como um rebaixado”.

Além de Lula, o presidente nicaraguense também direcionou críticas a Gustavo Petro. “A Petro, o que posso dizer a Petro? Pobre Petro, pobre Petro, eu vejo Petro competindo com Lula para ver quem vai ser o líder para representar os ianques na América Latina, é assim que vejo Petro, porque o pobre Petro não tem a força que tem o Brasil […], o gigante da América Latina”, pontuou.

As críticas de Ortega surgem no contexto dos esforços liderados por Brasil e Colômbia para solucionar a crise pós-eleitoral na Venezuela. A eleição venezuelana foi marcada por denúncias de fraude e propostas de nova votação, que foram rejeitadas tanto pelo chavismo quanto pela oposição.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula afirmou que “a Venezuela vive um regime muito desagradável”, mas negou que se trate de uma ditadura, classificando o governo como “autoritário”. A declaração do brasileiro gerou reações negativas de aliados históricos do chavismo, como o presidente da Nicarágua.

O chefe do governo venezuelano, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com 52% dos votos. No entanto, a oposição, liderada por María Corina Machado, alega que houve fraude e que seu candidato, Edmundo González Urrutia, foi o verdadeiro eleito. Após os resultados, protestos violentos ocorreram, resultando em dezenas de mortos e milhares de detenções.

Recentemente, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, acusado de ser alinhado ao governo, validou os resultados eleitorais, aumentando ainda mais as tensões no país. A situação continua a ser um ponto de discórdia na região, com líderes como Ortega pressionando por um posicionamento mais favorável ao governo atual.