Desde que foi inserido no catálogo da Netflix em fevereiro, o filme do comediante Danilo Gentili, Como se tornar o pior aluno da escola se tornou alvo de ataques por parte de representantes do governo Bolsonaro, que acusam a produção por apologia do abuso sexual infantil, com base numa cena protagonizada por Fabio Porchat.
Nesta terça-feira (15), uma determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública obriga, em caráter cautelar, que todas as plataformas de streaming suspendam a exibição do filme imediatamente. Além da Netflix, as plataformas Globoplay, Telecine, AppleTV, Looke e Google Play o mantêm em seus catálogos. Se a ordem não for cumprida em cinco dias, uma multa diária de R$ 50 mil será aplicada às empresas, de acordo com decisão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
Em entrevista ao GLOBO, Gentili ressalta que a medida têm por objetivo estabelecer o que ele chama de “cortina de fumaça”, para que um assunto irrelevante se sobreponha a problemas de interesse coletivo, como a crescente inflação no país.
“As pessoas não estão contentes com o preço e o andamento das coisas, então é sempre interessante criarem um espantalho pra desviarem o foco”, frisa o comediante. “O que mais explicaria todo esse esforço do gabinete do ódio pra fazer um filme de cinco anos atrás virar pauta em plena segunda-feira de aumento de combustível?”
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Críticas à Danilo Gentili
O trecho destacado nas postagens que criticam o filme com classificação indicativa de 14 anos — algo determinado pelo próprio Ministério da Justiça — mostra o personagem de Porchat assediando sexualmente dois garotos. Gentili, que demonstrou simpatia a Jair Bolsonaro (PL) em 2018, ressalta que a referida cena foi descontextualizada da ficção e frisa que, novamente, ele se tornou alvo de “censura e oportunismo”.
Meu Deus! Pais e mães, fiquem atentos! Um filme com classificação de apenas 14 ANOS, normalizando que crianças toquem o pen1s do adulto.
Ô @netflix, que porcaria é essa!?
Ministra @DamaresAlves, veja isso!!! pic.twitter.com/1BT6SRrrOF
— Paulo Filippus (@paulofilippus) March 13, 2022
“O filme já foi submetido a classificação indicativa na época e está legalmente amparado pelos órgãos competentes. Se estão passando por cima disso, acho que fica claro pra todo mundo que é apenas oportunismo e censura”, afirmou.
“Continuarei fazendo o que sempre fiz. Essa não é a primeira censura oficial que recebo. Aliás, lembro aqui que, quando eu recebi moção de censura no governo anterior (por ofender a ex-senadora Regina Sousa ao dizer que ela parecia a “tia do café”), muitos que hoje estão me censurando diziam defender a liberdade de expressão. Curioso, não?” finalizou.
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