Danilo Gentili diz que censura é para desviar o foco do aumento do combustível

Atualizado em 15 de março de 2022 às 12:28

 

Fábio Porchat e Danilo Gentili abraçados
Danilo Gentili e Fábio Porchat no bastidores de “Como se tornar o pior aluno da escola”/ Foto: Divulgação

Desde que foi inserido no catálogo da Netflix em fevereiro, o filme do comediante Danilo Gentili, Como se tornar o pior aluno da escola se tornou alvo de ataques por parte de representantes do governo Bolsonaro, que acusam a produção por apologia do abuso sexual infantil, com base numa cena protagonizada por Fabio Porchat.

Nesta terça-feira (15), uma determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública obriga, em caráter cautelar, que todas as plataformas de streaming suspendam a exibição do filme imediatamente. Além da Netflix, as plataformas Globoplay, Telecine, AppleTV, Looke e Google Play o mantêm em seus catálogos. Se a ordem não for cumprida em cinco dias, uma multa diária de R$ 50 mil será aplicada às empresas, de acordo com decisão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

Em entrevista ao GLOBO, Gentili ressalta que a medida têm por objetivo estabelecer o que ele chama de “cortina de fumaça”, para que um assunto irrelevante se sobreponha a problemas de interesse coletivo, como a crescente inflação no país.

“As pessoas não estão contentes com o preço e o andamento das coisas, então é sempre interessante criarem um espantalho pra desviarem o foco”, frisa o comediante. “O que mais explicaria todo esse esforço do gabinete do ódio pra fazer um filme de cinco anos atrás virar pauta em plena segunda-feira de aumento de combustível?”

Leia mais: 

1- Gentili defende filme após acusações de pedofilia: “Tirada de contexto”

2- Ministério da Justiça manda plataformas deixarem de exibir filme de Gentili

3- Folha demitiu repórter que criticou filme de Danilo Gentili em 2017

Críticas à Danilo Gentili

O trecho destacado nas postagens que criticam o filme com classificação indicativa de 14 anos — algo determinado pelo próprio Ministério da Justiça — mostra o personagem de Porchat assediando sexualmente dois garotos. Gentili, que demonstrou simpatia a Jair Bolsonaro (PL) em 2018, ressalta que a referida cena foi descontextualizada da ficção e frisa que, novamente, ele se tornou alvo de “censura e oportunismo”.

“O filme já foi submetido a classificação indicativa na época e está legalmente amparado pelos órgãos competentes. Se estão passando por cima disso, acho que fica claro pra todo mundo que é apenas oportunismo e censura”, afirmou.

“Continuarei fazendo o que sempre fiz. Essa não é a primeira censura oficial que recebo. Aliás, lembro aqui que, quando eu recebi moção de censura no governo anterior (por ofender a ex-senadora Regina Sousa ao dizer que ela parecia a “tia do café”), muitos que hoje estão me censurando diziam defender a liberdade de expressão. Curioso, não?” finalizou.

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link