Datafolha de quinta pode anunciar o fim do jogo. Por Moisés Mendes

Atualizado em 20 de setembro de 2022 às 14:35
Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB)
Foto: Montagem/Reprodução

O Ipec desta segunda-feira veio com a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno, com 52% dos votos válidos. Mas ainda é uma vantagem envolta na nebulosa da margem de erro.

Dois pontos podem significar muito, se expressarem uma tendência e virarem algo maior mais adiante, como podem significar apenas dúvida, se mantidos até a semana da eleição.

O Ipec é respeitado, com profissionais que eram do Ibope, mas ainda há quem dependa da reafirmação de tendências pelo Datafolha.

E quinta-feira tem Datafolha, que há muito tempo mostra Lula sem força suficiente para vencer na primeira rodada em 2 de outubro.

Nunca antes uma pesquisa, como essa de quinta, foi tão decisiva para a compreensão do momento de definições, às vésperas da eleição, por envolver a possibilidade concreta de decisão no primeiro turno.

Em nenhuma outra eleição essa hipótese esteve presente como agora. E nenhuma outra ocorreu em circunstâncias semelhantes, quando um segundo turno seria também uma ameaça para a democracia, se Bolsonaro decidir esculhambar com a campanha, a votação e a apuração.

O Datafolha assume uma tarefa ingrata: a de desanuviar o horizonte a menos de duas semanas da eleição.

É uma missão de risco para o próprio instituto. Se aparecer com uma vantagem segura de Lula, indicando possibilidade real de vitória no primeiro turno, o instituto estará indo além do que já foi o Ipec.

Mas o que pode acontecer na quinta é a divulgação de mais uma amostragem envolta em névoas.

Talvez com Lula voltando também no Datafolha a ter chance de vitória no dia 2, mas dentro da margem de erro, como apareceu no Ipec.

Um componente irá aparecer pela primeira vez para complicar ainda mais a situação de quem faz prognósticos.

O Datafolha vai perguntar se o eleitor está mesmo convicto de que irá sair de casa para votar.

As respostas nos darão uma ideia do tamanho da abstenção prevista. O Datafolha vai nos passar o sentimento de quem está com medo, que jamais esteve presente como agora numa eleição.

Aguardemos o que pode vir na quinta. Pode ser um retrato apenas retocado das pesquisas anteriores ou a imagem do terror diante de Bolsonaro.